O vento que cruzava os vinhedos naquela manhã não era o mesmo de sempre. Trazia um cheiro diferente — uma mistura de lavanda, terra úmida e algo que nenhum Montevino conseguia nomear. Era como se o ar anunciasse silenciosamente: o tempo está mudando.
Chiara permaneceu de pé diante da janela do antigo escritório de Victor. O sol de outubro se filtrava pelas cortinas, desenhando sombras quentes no chão de madeira. Ela passava os dedos sobre a moldura da janela, repetindo sem perceber o gesto que via seu pai fazer quando estava pensativo.
— Está sentindo também, não está? — disse Matteo, entrando no cômodo com passos lentos.
Ela não precisou responder. Matteo viu no olhar da irmã mais velha a mesma inquietação que pulsava nele.
Montevino, a vinícola que atravessara décadas, amores, desafios e renascimentos, estava prestes a viver algo novo — algo grande.
E pela primeira vez, não eram Victor e Isabella quem guiavam as mudanças. Não eram nem mesmo os filhos. Eram os netos.
I — A REUNIÃO QU