Mundo de ficçãoIniciar sessãoO sol da Toscana despontava lentamente sobre as colinas douradas, iluminando cada vinhedo com uma luz suave e cálida. Victor acordou cedo, como de costume, mas desta vez sentiu uma antecipação diferente no ar. Havia algo mágico em Montevino que o fazia despertar não apenas com o corpo, mas com o coração.
Enquanto tomava seu café na pequena varanda da pousada, observava os vinhedos que se estendiam até o horizonte. Cada linha de parreiras parecia contar uma história antiga, e ele se imaginava, no futuro, caminhando entre elas enquanto os visitantes degustavam seus vinhos. Era mais do que um projeto; era um sonho que finalmente ganhava raízes.
Victor decidiu que hoje seria o dia de avançar em detalhes práticos para a vinícola. Pegou seu caderno, mapas da região e começou a traçar a disposição das parreiras, das áreas de produção e do espaço de degustação. Cada decisão exigia cuidado, mas também despertava uma empolgação que ele não sentia há anos.
Enquanto caminhava em direção ao terreno que tinha escolhido, encontrou Isabella esperando perto da entrada. Ela sorria com a naturalidade de quem pertencia àquele lugar, e Victor sentiu uma pontada de alegria ao vê-la.
— “Bom dia, Victor! Espero que esteja pronto para mais um dia de trabalho árduo e descobertas.” — disse ela, com um brilho nos olhos que fazia seu coração acelerar.
— “Bom dia, Isabella. Estou pronto, sim. E parece que hoje temos muito para fazer.”
Eles caminharam juntos pelo terreno, medindo distâncias, discutindo a posição das parreiras e planejando o layout dos caminhos de pedra que ligariam cada área. Enquanto Isabella explicava detalhes técnicos, Victor ouvia atentamente, absorvendo não apenas informações, mas também a paixão que ela transmitia.
— “Sabe, Isabella… eu nunca pensei que aprender sobre vinhedos pudesse ser tão envolvente.” — disse Victor, sorrindo.
Enquanto discutiam sobre a irrigação e o tipo de solo, Victor percebeu que suas mãos tocavam as dela com frequência durante as medições e orientações. Cada toque era breve, quase imperceptível, mas suficiente para fazer seu coração bater mais rápido. Ele não sabia se era o calor do sol ou a proximidade de Isabella, mas sentiu uma sensação de leveza e esperança que há muito tempo não experimentava.
Após algumas horas de trabalho, decidiram fazer uma pausa embaixo de um velho carvalho, onde o vento soprava suavemente e trazia o aroma doce das uvas maduras. Victor tirou seu caderno e começou a desenhar ideias para o rótulo do vinho, enquanto Isabella observava com interesse.
— “Você já pensou em como o vinho vai contar sua história?” — perguntou ela.
Isabella sorriu, tocando levemente a ponta do caderno.
— “E você está transmitindo isso de forma muito sincera. Quem provar seus vinhos vai sentir essa emoção.”
Victor sentiu uma mistura de orgulho e ternura. Ele percebeu que, além de aprender sobre vinhos, estava aprendendo sobre si mesmo e sobre o que realmente desejava. Isabella não era apenas uma guia ou professora — ela estava se tornando parte do seu mundo, de uma forma que ele ainda estava começando a compreender.
Mais tarde, enquanto caminhavam de volta para a cidade, Victor decidiu ligar para Rodrigo para compartilhar as novidades.
— “Rodrigo, você não vai acreditar no quanto Montevino está me inspirando… e não é só a paisagem. Conheci alguém que está me ajudando a entender tudo de um jeito que eu jamais imaginei.”
Rodrigo suspirou, mas a empolgação de Victor era tão evidente que não pôde deixar de sorrir.
Naquela noite, Victor caminhou sozinho pelas ruas tranquilas da cidade, refletindo sobre tudo o que havia vivido. Pensou em sua família, nas ligações recentes, na presença de Isabella e em como Montevino tinha se tornado mais do que um local de trabalho — era agora um refúgio para sua alma.
Enquanto observava as luzes das casas refletindo nas pedras das ruas, Victor sentiu uma determinação renovada. Sabia que abrir a vinícola seria desafiador, mas também sabia que estava exatamente onde precisava estar, cercado por pessoas que o inspiravam, pela beleza da Toscana e pelo sopro de algo novo que começava a surgir em seu coração.







