O sol da Toscana amanhecia preguiçoso sobre os vinhedos de Montevino, espalhando uma luz dourada que parecia acariciar as folhas das parreiras. O tempo havia passado — e muito. A vinícola estava ainda mais bela, mais viva, e ao mesmo tempo envolta em um silêncio que parecia conversar com quem sabia escutar.
Chiara, agora com os cabelos prateados e um olhar sereno que misturava doçura e sabedoria, caminhava pela varanda da casa principal com uma taça de vinho tinto nas mãos. O vento trazia lembranças — risadas antigas, vozes distantes, ecos de amores que o tempo não apagou.
Era uma manhã de outono, e os netos haviam voltado para uma temporada em Montevino. O motivo parecia simples: a restauração do velho casarão, o mesmo onde Victor e Isabella haviam vivido seus anos mais intensos.
Naquele dia, Matteo, o mais curioso dos netos, encontrou uma porta de madeira trancada nos fundos do sótão. Ela rangia como se protestasse contra o esquecimento. Empolgado, chamou os irmãos: Giulia, doce e se