Naquela sexta-feira, quando bati à porta do consultório do Renato para entregar alguns relatórios, percebi algo diferente no olhar dele. Não era apenas ternura, havia também desejo, um fogo contido que parecia finalmente pronto para se libertar.
— Helena… — disse baixinho, ao pegar os papéis de minhas mãos. — Preciso te pedir uma coisa.
— O quê? — perguntei, nervosa com a proximidade.
— Fique comigo esta noite. — sua voz era firme, mas o olhar quase implorava.
Meu coração disparou. Por um segundo, todas as lembranças do Víctor e dos meus erros me atravessaram como facas. Mas a segurança que o Renato me transmitia, a calma que me envolvia sempre que estava ao seu lado, me fez dizer sim com um leve aceno.
À noite, fui até a casa dele, ainda trêmula. Era uma mansão no alto da montanha, a maior casa da cidade, ele era realmente muito rico. O Renato abriu a porta de calça social e camisa branca, o perfume amadeirado preenchendo o ambiente. A sala estava iluminada por abajures, havia vinho