O microfone pesava nas minhas mãos.
Mas não tanto quanto a verdade.
Eu olhei pro salão, vi as expressões tensas, os sorrisos congelados. Amanda parecia confusa, assustada. Carlos… ele tentava disfarçar. Tentava manter a postura de noivo ideal.
Mas o suor começava a brilhar na testa dele.
Ele sabia.
Respirei fundo.
Essa era a hora. Sem volta.
— Me pediram pra fazer um brinde — comecei, o olhar focado no fundo da alma do meu irmão — e eu, como irmão do noivo, achei que fosse meu dever dizer algumas palavras sobre esse homem que vocês estão prestes a acolher como parte dessa família maravilhosa.
Pausa.
A tensão estava no ar como uma corda esticada até quase arrebentar.
— Carlos… sempre foi do tipo ambicioso. Sempre soube o que queria. E sempre deu um jeito de conseguir.
Alguns riram. Nervosos.
Outros franziram a testa.
Carlos cruzou os braços.
Tentou rir também.
Mas ele não estava rindo.
— E eu não falo só de trabalho, dinheiro, status. Não. Eu falo de pessoas. Carlos sempre usou pessoas