Naquela manhã, a vila parecia um canteiro de obras misturado com uma festa. Caminhões chegavam trazendo vigas, telhas, sacos de cimento. Voluntários iam de um lado a outro carregando tábuas e baldes de tinta. As crianças corriam entre tudo aquilo, rindo como se o barulho dos martelos fosse música.
Eu parei diante do terreno que, poucas semanas antes, era só terra batida. Agora, minha casa tinha paredes, janelas e até a porta instalada, ainda sem pintura. O telhado estava quase pronto, e o cheiro de madeira nova se espalhava no ar.
Callum apareceu com as mãos sujas de tinta. Quando me viu, apoiou o pé num caixote e apontou pra entrada.
— Quer ver por dentro? — perguntou.
— Claro — respondi.
Ele empurrou a porta com cuidado. O barulho das dobradiças ecoou pelo espaço vazio. Entrei devagar, passando a mão pela parede.
— Tá diferente de tudo que eu sonhei — falei. — Mas… é melhor.
— Melhor como? — quis saber.
Respirei fundo.
— Porque foi feito devagar — disse. — E com carinho.
Ele sorriu.