Naquela manhã, acordei com um cheiro que nunca imaginei sentir de novo: café fresco. Um aroma quente, quase doce, que se infiltrava pelas frestas do contêiner e me fez sentar na cama antes mesmo de abrir os olhos por completo.
June apareceu na porta, com o cabelo bagunçado e um sorriso de quem acabara de descobrir um tesouro.
— Você não vai acreditar — disse ela. — Deborah acordou às cinco da manhã pra testar a máquina nova. Tem café de verdade lá fora.
— De verdade? — perguntei, boquiaberta.
— De verdade — confirmou. — E pão saindo do forno.
Por um segundo, me senti criança em véspera de Natal. Pulei da cama, calcei os sapatos sem nem me importar se estavam certos, e saí atrás dela.
O refeitório parecia outro lugar. Sobre uma mesa comprida, pilhas de pães dourados ainda soltavam vapor. O café estava servido em garrafas térmicas novinhas, e um cheiro suave de fermento e especiarias tornava tudo menos pesado.
Deborah estava ali, com as mangas arregaçadas e as bochechas coradas. Ao nos