O primeiro dia da horta começou antes do sol nascer. Quando cheguei ao terreno, Callum já estava ajoelhado perto das estacas, os dedos afundando a terra. O cabelo dele estava bagunçado, e as olheiras denunciavam que não dormira direito. Ainda assim, o sorriso apareceu quando me viu.
— Bom dia — disse ele, erguendo um punhado de sementes. — Pronta pra sujar as mãos?
— Sempre — respondi, e sentei ao lado dele.
June chegou logo depois, segurando a cesta que tinha se tornado uma espécie de relíquia coletiva. Dentro, as sementes esperavam por alguém que acreditasse nelas.
— Sabe — disse ela, se ajoelhando — a gente devia dar um nome pra horta.
— Tipo o quê? — perguntei.
— Jardim da Coragem — respondeu June, sem hesitar. — Porque ninguém aqui chegou até aqui sem coragem.
Callum assentiu devagar, como se aquela fosse a única resposta possível.
— Então tá decidido — falei. — Jardim da Coragem.
O trabalho foi lento. Cavamos fileiras, derramamos sementes, cobrimos com cuidado. Quando uma brisa