Na manhã seguinte à tempestade, a base parecia outro lugar. O chão estava coberto de lama, e o cheiro de mofo grudava nas lonas, nas roupas, na pele. Deborah circulava de um lado pro outro com a prancheta, o cenho franzido num traço que não amolecia nem quando alguém tentava arrancar uma piada.
— Quantas caixas perdemos? — perguntou ela a um voluntário alto, que anotava números numa folha úmida.
— Cinco de mantimentos. Duas de material de higiene. E as velas… todas molhadas — disse ele, a voz pesada.
— Merda — sussurrou Deborah, esfregando o rosto com a palma da mão.
Eu e June nos aproximamos devagar, sem coragem de interromper. Mas quando Deborah nos viu, ergueu o queixo, o olhar firme como sempre.
— Vamos precisar reorganizar tudo hoje — disse. — Ainda temos estoque suficiente, mas vai faltar se não chegar outro carregamento logo.
— O caminhão novo vem quando? — perguntei.
— Quatro dias — respondeu ela. — Se vier.
June soltou o ar devagar, balançando a cabeça.
— E eu achando que o d