No dia seguinte, o céu amanheceu claro, como se quisesse pedir desculpas pelo estrago da véspera. O ar ainda carregava o cheiro de terra molhada e lona úmida, mas havia uma calma silenciosa que eu não via fazia semanas.
Quando saí do alojamento, Deborah já estava no pátio, conferindo uma lista com o cenho menos tenso. Parecia outra pessoa comparada à mulher que, na noite anterior, largou a prancheta no chão como quem não aguentava mais.
June apareceu atrás de mim, esfregando os olhos.
— Dormi igual uma pedra — disse ela, num tom quase incrédulo. — Você acordou antes de mim. Isso é o fim dos tempos.
— Eu precisava… — Procurei a palavra. — Pensar.
— Você pensa muito — provocou, mas sem maldade.
Eu sorri e balancei a cabeça, começando a andar na direção de Deborah.
— Tá na hora de fazer alguma coisa que não seja secar cobertores — completei.
— Tipo o quê?
— Tipo… ensinar.
June ergueu uma sobrancelha, curiosa.
— Ensinar?
— Ontem, antes de dormir, eu pensei… essas crianças passam o dia int