Na manhã seguinte, o cheiro de terra molhada ainda pairava sobre tudo. Eu acordei com a claridade tímida entrando pela fresta da porta do alojamento. Por um instante, só fiquei deitada, ouvindo o vento lá fora, tentando nomear a sensação que morava no peito. Não era mais medo. Era outra coisa — algo parecido com gratidão.
June já estava de pé, tentando domar o cabelo que insistia em cair sobre o rosto. Quando percebeu que eu a observava, soltou um suspiro teatral.
— Bom dia, companheira de desastre — disse, com a voz rouca de sono.
— Bom dia — respondi, e me surpreendi ao perceber que não carregava nenhum peso na garganta.
— Dormiu bem? — perguntou, afrouxando o coque.
— Dormi — respondi. — Melhor do que achei que conseguiria.
Ela assentiu, como se aquilo fosse mais importante do que qualquer outra vitória.
Saímos juntas. O pátio parecia outro lugar depois da chuva. As poças refletiam o céu limpo, as lonas pingavam devagar, e as crianças caminhavam entre os montes de terra como se pro