POV Richard Sinclair
O silêncio do meu escritório sempre foi minha armadura. O cheiro de couro e de charuto queimado era a lembrança constante de quem eu era: um homem que construiu impérios sobre sangue, medo e respeito. Mas naquela noite, a armadura parecia trincada.
A luz do abajur lançava sombras sobre a mesa entulhada de relatórios. Eu não conseguia me concentrar neles. Meus olhos, vez ou outra, deslizavam para a fotografia emoldurada que ficava ao lado do telefone. A mulher sorridente, com os olhos claros e a vida inteira pela frente, me encarava como um fantasma.
Minha esposa.
A mãe da Sophia.
Passei a ponta dos dedos sobre o vidro, lembrando da última vez que a vi viva. Do corpo frágil que a doença consumiu, da sensação de impotência que me rasgava por dentro. Eu, que sempre tive a solução para cada guerra, cada rival, cada ameaça… nada pude fazer para salvá-la.
E é esse vazio que nunca cicatrizou.
Quando a perdi, jurei a mim mesmo que nunca deixaria o mesmo destino tocar minh