POV Sophia Sinclair
A manhã chegou como uma sentença. O sol atravessava as cortinas do quarto, derramando uma luz dourada sobre o chão de mármore, mas para mim parecia uma lâmina cruel, revelando o quanto eu estava quebrada.
Me virei na cama, enroscada nos lençóis ainda cheios do cheiro de perfume, medo e suor frio.
Cada vez que fechava os olhos, via Matteo. O sorriso dele, a sombra da van, os dedos cravados no meu braço. Sentia de novo a mão de Vittoria me calando, e o desespero de não conseguir respirar. Eu acordava de sobressalto, como se ainda estivesse sendo arrastada.
Levantei com o corpo pesado, cada passo um esforço. Vesti um robe leve e empurrei a porta do quarto, como se atravessar o corredor fosse enfrentar um tribunal invisível.
E ele estava lá.
Gabe.
Encostado à parede, braços cruzados, olhos cansados mas atentos. O mesmo terno da noite anterior, a gravata jogada de lado, a barba malfeita denunciando que ele não tinha dormido.
— Você ainda está aqui — murmurei, surpresa.