POV Matthias Kane
Os grãos de noite atravessaram a pele do meu rosto como vento cortante. Quando Gabe me chamou, a respiração saía curta, o corpo ainda elétrico pela adrenalina do salão e pela visão do que fizera: Matteo sangrando, Vittoria escapando. Não havia tremor. Só foco.
Vi Sophia no carro, pálida demais, o olhar colado a mim com uma mistura de medo e ferro. A mão dela procurou a minha; apertei de volta. Era promessa e âncora ao mesmo tempo. Ela estava tão frágil quanto um botão à flor da pele, e eu não permitiria que nada a arrancasse de mim.
Gabe arrancou pela rua lateral com uma calma tensa. O motor rosnou e o carro cortou o trânsito em rota. Enzo transmitia coordenadas por um rádio improvisado, como se estivéssemos em operação antiga: corta aqui, vira ali, confunde a caçada. A cidade, que até algum momento se orgulhara de sua elegância, transformava-se em labirinto.
Mas os homens do Matteo tinham recursos. Em questão de minutos, vozes no rádio anunciaram carros na retaguard