POV Sophia Sinclair Kane
Um ano.
Um ano desde a noite em que tudo quase desmoronou e, de certa forma, desmoronou mesmo. Porque nada do que vivemos poderia nos deixar intactos. O que restou foram cicatrizes, marcas invisíveis e lembranças que às vezes ainda ardiam em silêncio.
Mas também foi um ano de reconstrução.
Hoje, a manhã se abriu tranquila pelas janelas altas da nossa casa. Não mansão, não prisão dourada como a de meu pai, mas uma casa de verdade. Paredes que não guardavam segredos, apenas vozes. Corações. Amor.
Levantei cedo, como sempre. O silêncio ainda me assustava, como se fosse prenúncio de algo ruim, mas aprendi a acolhê-lo. No quintal, o jardim florescia de um jeito que me fazia lembrar de minha mãe. Talvez fosse esse o jeito que ela teria me amado, vendo-me viver sem grades.
Atrás de mim, passos firmes anunciaram sua presença. Não precisei olhar para saber.
— Você acorda cedo demais, Sinclair — a voz grave de Matthias cortou o ar, carregada de uma ternura que ele jurav