A cidade passava como borrões de luz e concreto pela janela do carro. O motorista falava algo sobre o clima ou o trânsito, mas Isadora mal ouvia. Estava muda. As mãos trêmulas apertando o tecido da saia, como se o simples gesto pudesse conter o vendaval que se formava dentro dela.
Ela queria gritar.
Mas o grito não saía.
Só o choro. Silencioso, contínuo, amargo.
A imagem do beijo... aquele maldito beijo... se repetia como um pesadelo em loop. Helena, nos braços de Lorenzo.
E o pior de tudo: ele não a afastou.
Não se esquivou.
Não disse nada.
Era real.
Pelo menos para Isadora, aquilo foi o suficiente para destruir qualquer esperança.
E então veio a certeza — dolorosa, crua, gelada:
Ela jamais veria Lorenzo novamente.
Não podia.
Não queria.
“Preciso fugir. Ir pra longe... bem longe.”
Mas para onde? O mundo parecia tão grande, e ao mesmo tempo, ela se sentia tão pequena.
Foi então que o nome surgiu em sua mente, como uma última tábua de salvação: tia Catari