capítulo 72 - O Grito que Guardei Para Mim.
O silêncio entre eles durou alguns segundos eternos. A meia-luz do restaurante criava sombras em seus rostos, mas nada escondia a tensão que dominava a mesa.
Lorenzo entrelaçou os dedos sobre a madeira escura, respirou fundo e, com a voz baixa, perguntou:
— Por que, Isadora? Por que você escondeu isso de mim?
Ela congelou. Seus olhos, que até então evitavam os dele, o fitaram com um brilho misturado de dor e resistência. As palavras pareciam presas na garganta, sufocadas por anos de silêncio. Mas então, algo nela cedeu.
Ela abaixou os talheres lentamente. Fechou os olhos. E, ao abri-los, já não era a mulher controlada e elegante de sempre. Era uma versão dela mesma ferida, cansada… real.
— Você quer mesmo saber? — ela perguntou, a voz embargada, mas firme. — Então me escuta, Lorenzo. Porque eu vou falar uma única vez.
Ele assentiu, tenso.
— Você diz que sumir foi cruel. Esconder Gabriel foi imperdoável. Mas você quer saber o que foi cruel? — Ela se inclinou levemente para a frente, os