"Depois de levar um pé na bunda, Zoe se vê perdida, sem um par para levar no casamento de sua prima rica e bem sucedida. Anelise e Zoe não têm uma relação amigável, e ir à ocasião sem um namorado — no dia dos namorados —, só aumentará os rumores de que ela fracassou na vida. Desempregada e vivendo de seguro-desemprego, ela e sua melhor amiga, Clara, decidem pedir uma pizza. É aí que ela conhece (ou para um momento para observar) Alex, seu motoboy. Depois de praticamente chorar em seus braços, os dois se tornam grandes amigos. As coisas desandam quando Clara propõe que Zoe se aproxime de Alex para ir ao casamento com ele. E não tem problema, já que Alex confessa ser apaixonado por outra. Mas até quando ela sustentará essa farsa? E, céus, quem será a garota que Alex ama secretamente? De uma coisa sabemos, quando se envolve o coração, as chances de tudo dar errado são muito altas."
Leer más“ — Se não consegue enxergar a imensidão do meu amor, se não consegue ler em meus olhos o quão forte são meus sentimentos por você, então, sinto muito em te dizer isso, mas és um completo babaca.”
(Perdidos no amor, Violet Monteiro) ***01 — Sinto muito, Zoe. Acabou. — Mas... — Não concluí a frase, não sabia o que dizer. As lágrimas ensoparam meus olhos e meu estômago embrulhou de repente.Tudo bem que a coisa toda era recente, eu e Pedro estávamos juntos há seis meses apenas, mas, poxa vida, eu iria apresentá-lo para minha família, no dia dos namorados, dia em que minha adorável prima resolvera se casar.Veja bem, eu não a odiava, mas ela sempre dava um jeito de desdenhar de mim.Anelise era uma mulher independente, bem-sucedida na área profissional (dona de uma confeitaria renomada), e agora, no âmbito amoroso também, já que Vicente, seu noivo e futuro marido, era um verdadeiro príncipe.Pelo menos era isso que minha mãe me dizia toda vez que ligava para mim.E eu?Eu estava desempregada — houve cortes no hotel em que eu trabalhei por três anos como operadora de caixa —, vivendo do meu seguro-desemprego, e agora levando um belo dum pé na bunda.Deus, por quê?! — Desculpa, Zoe. Você é uma mulher bacana, vai encontrar alguém que te ame como... — Como você não me amou — eu o interrompi, magoada, ferida e, sei lá, bastante chateada também. — Podemos ser amigos.Eu o encarei, e a vontade era de rir de desespero.Pedro era um cara bonito, tinha os olhos castanho-claro, os cabelos escuros, a pele negra (um pouco mais escura que a minha) e o corpo sarado.Era apenas alguns meses mais novo que eu. Fiz vinte e quatro anos em Fevereiro e ele completará em Setembro, dia 25.Éramos bons juntos, por isso eu não entendia o motivo do término. Na verdade, eu achava isso injusto pra caramba. — Vá se ferrar, Pedro! — Vociferei, empurrando-o. — A última coisa que quero é ser sua amiga! Adeus.E dito isso entrei em casa e bati a porta com força. Não esperei por resposta nenhuma, deitei em minha cama e deixei o choro vir.O que eu faria da minha vida de agora em diante?Deus, o que eu faria?Acordei com safanões e assobios. Os raios de sol incidiam pelas cortinas, obstruindo minha visão. — Achei que ia ter que te jogar um balde de água gelada — Clara falou, sentando-se na beirada da cama. — Você não devia estar no trabalho? — Perguntei, me espreguiçando. — Tenho que ir ao dentista daqui a meia hora. Pedro me ligou, disse pra eu vir aqui cuidar de você. O que aconteceu?Pedro.Meu ex-namorado.Que grande merda! — Ele terminou comigo — respondi, tentando fingir que não me importava com aquilo. — Mas por quê? — Ah, Clara, o mesmo papo clichê de sempre. “Não é você, sou eu.”, “ Você vai encontrar uma pessoa melhor”, e blá, blá, blá. — Que cretino!Desviei o olhar. Não queria falar daquele assunto, doía demais. — Tá tudo bem — menti.Clara segurou firme minha mão, criando um contraste entre nossas cores. Enquanto ela era branquíssima, eu tinha a pele preta, um pouco retinta.A diferença não parava por aí.Clara tinha os cabelos longos, lisos e loiros, olhos cor-de-mel e lábios finos. Já eu estava em processo de transição capilar, de modo que optei por usar tranças longas e alaranjadas. Meus olhos eram pretos e minha boca; carnuda.Clara fazia o tipo magrinha, enquanto eu sempre tive o corpo curvilíneo. — Você precisa de um porre — disse minha melhor e única amiga —, vou cuidar de você. Mas agora eu realmente tenho que ir, se precisar de mim é só ligar.Clara levantou-se, deu um beijo em minha bochecha e saiu, toda arrumada e perfumada, para ir ao dentista.Sorri.Ela e suas paixões platônicas.Da última vez cismou que seu mecânico era um bom partido, até descobrir que o cara era casado.Soltei um suspiro.Honestamente, eu não sentia a menor vontade de sair da cama. Eu precisava urgentemente de um emprego, seria mais fácil para superar o término.Talvez eu lesse um livro de autoajuda ou algo do tipo.A muito custo, me levantei.Lavei o rosto, escovei os dentes, ajeitei minhas tranças e saí direto para a cozinha, ainda enfiada em meu pijama de estrelinhas.Quando eu estava sentada no sofá, depois de ter devorado uma pratada de cuscuz com ovo e café com leite, minha campainha tocou.Me arrastei até a porta, abri, e lá estava ela. — Querida, você está com olheiras — foi dizendo, já entrando em minha casa.Revirei os olhos. — Bom dia pra você também, mãe — ironizei, fechando a porta e seguindo-a.Dona Augusta foi andando, analisando tudo, como se estivesse avaliando um imóvel que, certamente, não compraria de jeito nenhum.Tudo bem que minha casa não era lá grandes coisas.Sala, banheiro, cozinha americana, dois quartos, alguns quadros minimalistas, TV de plasma, paredes pintadas (por mim!) em tom de pastel, e só.Mas era meu lar, e eu gostava bastante dele.Bastante mesmo. — Então — comecei, cautelosa —, a que devo a honra de sua visita?Minha mãe jogou a bolsa Channel falsificada no sofá e sentou-se, cuidadosamente.Ela sempre foi muito pomposa, tinha a pele da mesma cor que a minha, os cabelos pretos alisados e o corpo robusto.Se pudesse só usava roupas de grife, mas se contentava com as falsificações que encontrava em Camelôs.Hoje vestia um conjunto de blusa e saia verde-limão, que ganhou de meu pai em seu aniversário retrasado, quando ele ainda estava entre nós.Ah, pai, como sinto sua falta!— Bem, estava passeando por perto, pensei em vir te ver. Você não sente minha falta, mas eu sinto a sua.E lá vamos nós para o momento drama do dia. — Claro que sinto — falei, indo até a cozinha e abrindo a geladeira. — Suco...? — Com adoçante — respondeu minha mãe.Enchi o copo de suco de maracujá, pinguei algumas gotas de adoçante e voltei para a sala. Entreguei para ela e me sentei ao seu lado.Respirei fundo. — Sério, mãe, por que veio aqui? — Quero saber de você, Zoe — disse, bebericando o suco e depositando o copo em cima da mesinha de centro. — Ainda está desempregada? Quando vou conhecer seu namorado? — Estou tentando achar um trampo, mas não tá fácil. — Você não respondeu minha outra pergunta, mas não precisa, eu sei que no momento certo irei conhecer esse rapaz. Pelo amor de Deus, Zoe, me diz que ele não é metido com drogas. — Mãe, por favor! — Só quero seu bem. Amanhã sua tia Marta vai fazer um almoço em comemoração ao casamento da Anelise, me diz que vai, querida.Pronto, aí estava o motivo da sua visita.Não era por saudade coisa nenhuma, minha mãe queria (e iria) competir com a irmã.Típico das duas fazer isso, e era tão, mas tão, ridículo. — Vou — assegurei —, posso levar a Clara? — Pode, é claro. Agora preciso ir, irei fazer compras. — Mais compras? — Perguntei embasbacada.Ela simplesmente deu de ombros. — Não quero que sua tia pense que somos pobres. — Mãe, mas nós somos pobres! Olha pra mim, eu tô vivendo de seguro-desemprego, se meu pai não tivesse me dado essa casa, eu já estaria no olho da rua. — Deixa de bobagem — falou, erguendo meu queixo —, sempre tem minha casa para voltar.Já não é meu lugar. — Precisa ver sua prima, Zoe, está com a vida ganha. Noivo rico e gentil, emprego dos sonhos. Anelise subiu na vida, soube aproveitar. É uma pena que você não tenha sequer tentado.Engoli em seco. — Eu te acompanho até a porta — e dei a conversa por encerrado.Quando minha mãe saiu, me joguei no sofá e chorei.Chorei porque eu não era — e nunca seria — como minha prima. Porque meu pai, o cara que sempre acreditou em mim, perdeu a vida por causa de um maldito câncer. Chorei porque, para minha mãe, eu nunca seria boa o suficiente.E por fim, porque, além de desempregada, eu tinha acabado de sair de um relacionamento que eu acreditava que duraria para sempre.Quando foi que minha vida virou esse inferno?Ah, que se dane a dieta, eu merecia uma panela bem cheia de brigadeiro.25 de Dezembro de 2025 Eu estava em meu quarto, deitada por conta da cólica, quando, de repente, um papel surgiu em cima da cama. Eu o peguei, receosa. Era uma carta. De Jass. Ai. Meu. Deus. Eu a abri e comecei a ler. “Queria Jasmim Escrevo essa carta para te agradecer. Por sua causa, eu fui — e sou — uma mulher feliz e realizada. Eu e Eros somos felizes, nossa filha é linda, inteligente e sábia. Quando estive aí, eu tinha acabado de sair de um hospital, onde eu estava morrendo por conta de um câncer. E você nos salvou. Não há palavras pra expressar minha gratidão. Continue ouvindo seu coração, a gente vai longe. Amo você, minha querida, seja feliz daí, que eu serei daqui. Com todo meu amor; Jass.” A carta se dissipou em minhas mãos, virando uma espécie de poeira mágica. Fiquei tão feliz por saber que Jass estava bem. Como se percebesse isso, minha filha chutou em minha barriga, me fazendo rir. — Dinda! — Maria chamou da sala. A muito custo, me
25 de Dezembro de 2058 Jasmim Prince abriu, vagarosamente, os olhos. Onde estava o quarto de hospital onde ela se internou devido a um câncer de pulmão? Ela parecia estar... Numa casa? — Gatinha. — Chamou Eros, preocupado —, você está bem? — O que você está fazendo aqui? — O que um marido faz quando sua esposa desmaia na sala de casa? — Brincou ele. — O que aconteceu? — Você desmaiou de repente, o médico disse que sua pressão baixou. Ela sempre é baixa, desde sua gravidez. — Gravidez? — Sim. Você não lembra de nada? Não queria preocupá-lo, então ficou em silêncio. Eros depositou um beijo em sua testa e disse que precisava avisar à Adrielle que ela estava bem. Adrielle não tinha falecido? — E aí, como foi voltar para o futuro? A dona da pergunta era uma garota de cabelos roxos, roupas coloridas e meias listradas. — Quem é você? Sou Valência, seu anjo da guarda. Não se preocupe, eu congelei o tempo e ninguém pode nos ouvir.
Na terça eu me levantei, o sonho com Adrielle me fez ter uma força que eu sequer sabia que tinha. Tomei café com mamãe e Jass e me aprontei para ir comprar as coisas que faltavam para montar meu estúdio. Eros me acompanhou, mesmo eu dizendo que não precisava. Não falei muito, só respondia o que ele perguntava, e isso bastava. — O que tá havendo, Jasmim? Por que você está tão estranha comigo? — ele perguntou, quando paramos no portão de casa. — Não quero falar sobre isso agora. — E quando vai ser? Porra, Jasmim, que diabos eu fiz pra você? — Você arranjou outra! — Gritei. —Enquanto eu estava na porcaria de uma cama de hospital, você estava saindo com uma mulher que conheceu no Tinder. — Gatinha... — Não, Eros, não me chame assim. — Eu te conheço, sei que tem mais alguma coisa te incomodando. O que é, Jasmim? — Não importa. Você me magoou, Eros. Você me magoou. Dei as costas e subi o primeiro degrau. — Eu estou bem. Como minha melhor a
Tive alta no sábado à tarde. Eros foi me ver ontem, mas eu disse ao médico que estava cansada demais para receber visitas. Era mentira, obviamente. Eu não queria vê-lo, não queria ouvir o quanto Alícia era foda, linda e boa de cama. Não queria que ele me dissesse que eu seria madrinha de um dos seus filhos futuramente. Eu já estava sofrendo demais, tinha perdido minha prima, a dor que sentia em relação a isso era incalculável. Então guardei todas essas questões de Eros numa gaveta e fui agindo no automático. — Antes de descermos — disse Maya, enquanto parava o carro em frente à minha casa — quero que saiba que eu sinto muito pela Adrielle. — Obrigada, May. Minha amiga me ajudou a subir as escadas. Ao abrir a porta, me deparei com mamãe, papai, Jass, Eros e Alícia (Argh!). Quando me viram, bateram palmas, ao redor deles tinha um bolo e uma placa de boas-vindas. — Querida — falou mamãe, abraçando-me —, você está bem? Fisicamente, sim. Emocionalmente, não. Mas como
Tive um sonho estranho. Nele, eu e Adrielle colidimos em cheio com um carro que vinha na contra-mão. Fui tirada das ferragens quase inconsciente e um bocado de pessoas veio prestar socorro. Que ridículo ter um sonho assim! Acordei ainda desorientada. Abri lentamente os olhos. Engraçado, por que eu estava toda plugada com fios? Tinha alguém segurando minha mão, olhei para o lado e encontrei Eros, cochilando. Apertei sua mão com firmeza, para mostrar que eu estava consciente. Em frações de segundos, ele olhou para mim também. Esperei pelo seu sorriso de canto, mas ao invés disso, Eros se atirou em mim e começou a chorar. — Você acordou! Você acordou, gatinha! — Ele estava soluçando. — Deus, eu achei que iria te perder, mas você acordou! Tentei confortá-lo, mas Eros estava super eufórico, beijou minha testa, minha bochecha, tocou meu rosto, como se não estivesse acreditando que eu estava ali de fato. — Vou chamar o médico — e levou minha mão à sua boca, onde depos
Adrielle fez as pazes com Luany à noite, as duas passaram horas no telefone, se perdoando, dizendo que se amavam e tal. Eu fiquei admirando, imaginando como seria quando fosse a minha vez. Estar longe de Eros me fez pensar no quanto eu me acomodei com o papel de melhor amiga, sendo que eu sempre quis ser algo mais. Meu sentimento por ele começou de imediato, e foi crescendo a tal ponto que me sufocava. O amor é pra ser leve, bom e vivido. E eu queria vivê-lo da forma que eu tinha direito. Maya ficou responsável por dormir com Jass. Liguei para ela, para saber como estava sendo, e minha amiga só rasgou elogios à minha versão do futuro. Jass falou pouco, notei que estava apreensiva, mas não perguntei o porquê. — Eu vou ficar, Jasmim, peço comida. — Mas por quê, Dri? — Vou fazer sexo virtual com minha esposa. Eu ri e desci. No meio do caminho, me trombei com um rapaz. Ele era ruivo, com sardas acentuadas em seu rosto, olhos verdes e sorriso bonito. — Boa
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