Ricardo Trajano, um CEO poderoso e implacável, vive para o luxo, o dinheiro e o controle. Arrogante e dominante, ele acredita que pode ter tudo, e todos, ao seu dispor. Até cruzar o caminho de Rosa, uma jovem humilde que dedica sua vida a cuidar da mãe doente. Ele a humilha sem pensar duas vezes, acreditando que ela é apenas mais uma peça insignificante em seu jogo de poder. Mas o destino é cruelmente irônico. Quando um trágico acidente de avião o deixa como o único sobrevivente, Ricardo é dado como morto para o mundo. Forçado a confrontar a fragilidade da vida e sua própria mortalidade, ele renasce, não apenas como homem, mas como alguém que precisa redescobrir o verdadeiro valor de tudo que ignorou. Agora, em sua jornada de redenção, Ricardo encontra Rosa novamente. Só que desta vez, ele não busca poder, mas algo muito mais difícil de conquistar: perdão e amor. "Eu vi você cair tão baixo quanto um homem pode cair, Ricardo. Vi você se levantar, sozinho, sem mais nada além da dor. Mas o que você quer de mim agora? Piedade? Perdão? Porque o amor… isso, você ainda tem que merecer." "Não peço que me ame, Rosa. Só espero uma chance... uma chance de provar que o homem que te feriu não existe mais. Deixe-me mostrar que sou digno — não só de você, mas de mim mesmo."
Ler maisEla estava atrasada. De novo.
— Droga! — sussurrou, enquanto enfiava os pés nos sapatos molhados que havia deixado na entrada de casa. Quando finalmente chegou ao portão de ferro da mansão dos Trajanos, Rosa já estava completamente molhada. O vento e a chuva haviam transformado seu coque em uma confusão de fios que caíam sobre seu rosto. Suas roupas coladas ao corpo, e seus pés encharcados, pareciam esponjas. “Por que estou atrasada mesmo? Ah, claro, o despertador não tocou, a conta de energia estava atrasada, e a luz foi cortada na noite anterior. ...” – ela pensava. Ao colocar sua bicicleta no canto do jardim lateral, Rosa correu para a porta de serviço. Não queria ser vista pela senhora Trajano naquele estado miserável, mas seu plano foi destruído assim que ouviu uma voz cortante ecoar do alto da escadaria. — Está atrasada, de novo! — A senhora Trajano apareceu, como sempre, com o olhar cheio de desdém. Vestida com seu roupão de seda caro, seus cabelos brancos perfeitamente arrumados, ela descia as escadas como se fosse uma rainha a inspecionar seu reino. — Você acha que esse comportamento é aceitável? Como espera manter esse trabalho se nem consegue chegar no horário, menina? — Desculpe, senhora Trajano. A chuva estava forte, e... — tentou explicar, mas a velha nem a deixou terminar. — Chuva? Sempre uma desculpa. Parece que pessoas da sua... condição... sempre têm algo a culpar. — Ela desceu o último degrau da escada, sua expressão de desdém se intensificando à medida que avaliava a aparência de Rosa. — Olhe para você. Parece uma ratinha molhada. — Trajano deu uma risada curta e amarga. — Se você não sabe administrar o tempo, quem sabe possa investir em um transporte melhor do que essa bicicleta velha. — sua voz era cortante como gelo, enquanto os olhos afiados examinavam Rosa. Rosa apertou os punhos por dentro do casaco. Sabia que, se respondesse à altura, as consequências seriam desastrosas. E ela precisava daquele emprego, por mais humilhante que fosse. Todo seu dinheiro ia para os remédios de sua mãe e as despesas da casa que com muito custo ela sustentava após o seu pai, um alcoólatra, ter abandonado a família definitivamente depois que a mãe foi diagnosticada com um câncer. — Sim, senhora. Vou me apressar. Virando-se rapidamente, Rosa se trocou e foi direto para a despensa pegar os produtos de limpeza. Ao retornar à sala de estar para começar a limpeza, a voz da velha voltou a ecoar pela mansão: — Rosaaa! Quando terminar aí, vá limpar o escritório do meu filho. Ele deve chegar de viagem, e quero que tudo esteja impecável! E lembre-se, não toque em nada. Não quero que você bagunce as coisas, sei que pessoas como você não sabem o que é sofisticação. A velha Trajano saiu, deixando o eco de suas palavras no ar. “Pessoas como eu?” – Pensou. “Você não sabe nada sobre mim, e, ele nunca vem para esta casa mesmo, muito menos para este escritório, ela sempre fala a mesma coisa” – sussurrou. Ela terminou a sala o mais rápido que pôde, mas sem descuidar dos detalhes. Não queria ouvir outra série de críticas sobre sua “falta de dedicação” ou, como a velha costumava dizer, “falta de jeito para o serviço”. A caminho do escritório do filho, o poderoso Ricardo Trajano, Rosa pensava nas histórias que ouvira sobre ele. O filho ausente, o magnata que viajava pelo mundo, controlando empreendimentos, jatinhos, e a admiração da velha Trajano. Todos naquela casa falavam dele como se fosse uma lenda, alguém inalcançável, cuja sombra, na cabeça de Rosa, ela nunca cruzaria. Ela mal sabia que aquele homem, que ela ainda não conhecia, teria o controle sob ela. Ao chegar no topo da escada, parou por um momento diante da porta do escritório. Era sempre uma experiência estranha entrar naquele ambiente, talvez fosse o fato de que o filho nunca estava ali, mas seu espaço era tratado como um santuário sagrado. O escritório parecia saído de uma revista de decoração cara: prateleiras cheias de livros enfileirados, que, provavelmente nunca foram lidos, um tapete que custava mais do que ela poderia ganhar em um ano, e aquela mesa brilhando. Rosa puxou o balde e os panos, tentando não pensar muito na desigualdade gritante que aquela sala representava. Ao passar o pano sobre a mesa, algo chamou sua atenção. Um pequeno quadro pintado a mão, colocado em cima de uma pilha de papéis. Rosa pegou delicadamente o quadro e ficou observando, por alguns segundos, os traços da pintura. "Ah, se a minha vida fosse assim… Tão tranquila quanto esse rosto pintado nesse quadro". – pensou, com um meio sorriso. Mas logo voltou à realidade. Tinha que terminar aquele trabalho rápido, ou a senhora Trajano faria questão de infernizá-la. Antes que pudesse se recompor, ouviu passos ecoando pelo corredor. Droga, a senhora Trajano. Rosa rapidamente colocou o quadro no lugar, pegou o balde como se estivesse absolutamente concentrada no serviço. A velha senhora apareceu na porta, observando Rosa com seus olhos críticos. — Você terminou aqui? — a voz dela era mais cortante do que nunca. — Quase, senhora Trajano. Só mais um minuto e termino tudo — respondeu Rosa, com o tom mais educado que conseguiu. A senhora Trajano estreitou os olhos, observando-a por um segundo, como se estivesse tentando captar algo fora do comum. Mas virou-se e saiu, resmungando algo sobre "pessoas que não sabem o valor das coisas". Assim que ficou sozinha novamente, Rosa suspirou de alívio. Terminou de se organizar e saiu do escritório, imaginando como seria quando visse o famoso “filho” da velha. Afinal, ele deveria voltar de viagem em breve. Como seria esse homem?Rosa chegou à empresa, sem tempo para descanso ou recuperação da viagem. Seu coração batia acelerado, pois sabia que aquela era uma jogada arriscada. Assim que entrou na sala de reuniões, com um notebook em mãos, olhares curiosos e desconfiados recaíram sobre ela. Ninguém sabia o que estava acontecendo, mas todos sentiam que algo grande estava por vir. Até porque era para Rosa estar na viajem com Ricardo.A tela do notebook brilhou quando Ricardo apareceu em vídeo. A expressão dele era dura, calculista.— Atenção! — Ricardo falou firme, e a sala caiu em um silêncio tenso. — A partir deste momento, enquanto eu estiver ausente, quem responde por mim nesta empresa é Rosa. Todas as decisões, contratos, negociações ou qualquer movimentação interna devem ser repassadas para ela. Qualquer coisa fora desse protocolo será considerada traição direta à minha administração.As pessoas assentiram, mas os murmúrios foram inevitáveis. O desconforto se espalhou como um vírus silencioso. Rosa sentiu o
Na manhã seguinte, Rosa acordou com um peso estranho sobre ela. Ainda sonolenta, tentou se mover, mas sentiu algo quente e sólido prendendo seus braços. Seu coração acelerou. Abriu os olhos e se deparou com Ricardo praticamente deitado em cima dela, um dos braços envolvendo sua cintura como se ela fosse um travesseiro. Seu rosto estava relaxado, uma expressão completamente diferente do CEO arrogante que costumava ser durante o dia.— Ricardo! — ela sussurrou, tentando não acordá-lo de maneira brusca. — Sai de cima de mim!Ele se mexeu, mas apenas para se aconchegar mais. Rosa bufou, tentando mover sua perna com delicadeza, mas Ricardo suspirou e a apertou como se ela fosse um travesseiro.— Meu Deus, ele é um polvo! — Rosa bufou, tentando se desvencilhar sem sucesso. Ela pensou em cutucá-lo, mas sabia que isso poderia dar errado. Com um empurrão mais forte, conseguiu rolar para o lado, fazendo Ricardo se virar bruscamente e quase cair da cama.— Ricardooo! — Ela sussurrou mais alto, te
O pouso do avião foi um evento que Rosa nunca esqueceria. E não pelo motivo certo.Quando o capitão anunciou que estavam iniciando a descida em Dubai, Rosa, que já tinha se acalmado durante o voo, voltou a entrar em pânico. A medida que o avião balançava levemente devido à turbulência, ela sentiu que sua alma estava prestes a abandonar o corpo.— Eu não quero mais! Me tirem daqui! — ela murmurou para si mesma, agarrando os dois apoios de braço com tanta força que suas juntas ficaram brancas.Adriano já estava preparado para esse momento e nem tentava segurar o riso. Ricardo, por outro lado, apenas esfregou o rosto, exausto.— Rosa, você não pode simplesmente desistir no meio do pouso.— Claro que posso! Eu sou passageira, eu tenho direitos! — ela argumentou, apertando os olhos enquanto o avião tremia levemente. — Eu quero descer agora!— A não ser que você tenha um paraquedas escondido aí, acho que não vai rolar. — Adriano comentou, segurando o riso.Rosa olhou feio para ele, mas o av
Quando Rosa finalmente entrou no avião, percebeu que a realidade de voar era muito diferente do que imaginava.Primeiro, teve que enfrentar um corredor apertado, segurando sua mala de mão como se fosse um escudo contra os outros passageiros que pareciam ter muito mais experiência com esse tipo de coisa. Depois, veio o desafio de encontrar seu assento sem parecer completamente perdida.Ela conferiu o bilhete novamente. Assento 14B.Com passos cuidadosos, caminhou pelo corredor enquanto tentava evitar esbarrar nas pessoas que já estavam acomodadas. Foi então que percebeu que seu assento ficava exatamente no meio.Entre Ricardo e Adriano.Ela parou no lugar, sentindo o olhar penetrante dos dois homens. Ricardo, já sentado e confortável, ergueu uma sobrancelha ao vê-la parada.— Algum problema? — ele perguntou.— Nenhum. Só estou me despedindo do meu espaço pessoal. — Ela suspirou e, com um esforço enorme, se enfiou entre os dois.O espaço era apertado. Muito apertado. Seu braço encostou
Naquela noite, Rosa ainda encarava a mala, como se o simples ato de organizar roupas fosse a maior batalha da sua vida. Era estranho como uma viagem que deveria ser apenas a trabalho estava deixando-a tão inquieta. Ou talvez não fosse a viagem em si, mas a companhia.O celular vibrou novamente. Ela olhou para a tela com desconfiança.Marina: "Confessa, você já experimentou o vestido, né?"Rosa estreitou os olhos.Rosa: "Marina, pelo amor de Deus, vai dormir!"Marina: "Não posso. Estou muito ocupada imaginando a cena de Ricardo te vendo com aquele vestido e babando."Rosa: "Você tem uma mente doentia."Marina: "E você tá fugindo do assunto. Vai levar salto alto também?"Rosa olhou para os sapatos espalhados pelo chão e mordeu o lábio. Até aquele momento, só tinha separado um par de sapatilhas e um tênis confortável. Mas agora que Marina mencionou...Ela se levantou e foi até o armário, puxando uma sandália de salto fino, vermelha como o vestido. Apenas por precaução, disse a si mesma.
Naquela noite, Rosa não conseguiu dormir direito. O comentário de Rebeca e a tensão crescente entre Ricardo e Adriano estavam pesando em sua mente. O que exatamente estava acontecendo? E por que ela sentia que estava sendo arrastada para algo muito maior do que uma simples viagem de negócios?Na manhã seguinte, o escritório estava em alvoroço. O rumor de que Rosa viajaria com Ricardo já tinha se espalhado mais rápido que café grátis na copa.— Então, a futura senhora Trajano está entre nós! — brincou Marina, piscando para Rosa enquanto entregava a ela um envelope com os detalhes dos voos.— Cala a boca, Marina! — Rosa resmungou, pegando o papel. — Isso é trabalho. Apenas trabalho.Marina riu e apontou para um canto do escritório. Ricardo estava saindo de sua sala, falando ao telefone com um semblante sério. Atrás dele, Adriano observava tudo com um olhar afiado, quase predatório.— Você tem certeza disso? — perguntou Marina, baixinho. — Porque o chefe está te olhando como se fosse te
Último capítulo