A vida de Karen, uma enfermeira dedicada, desmorona ao deparar-se com a traição de seu noivo. Buscando cura para suas feridas emocionais, ela decide refugiar-se em Fernando de Noronha. Na ilha, Karen se envolve com Othon, um médico encantador, em uma noite apaixonante que, infelizmente, acaba se provando mais uma decepção quando uma suposta noiva grávida de Othon surge. Ao retornar para casa grávida, Karen toma a corajosa decisão de criar seu filho sozinha, mantendo em segredo a paternidade de Otávio. O destino, contudo, tece novos caminhos para Karen sete anos depois. Othon torna-se diretor do hospital onde ela trabalha também seu vizinho, enquanto Otávio o considera como seu melhor amigo. Agora, Karen enfrenta um dilema: revelar a verdade sobre a paternidade de Otávio ou continuar a silenciar essa realidade que os liga de maneira inesperada?
Leer másKaren
O cansaço me envolvia completamente após longas horas do plantão no hospital. O cheiro dos corredores limpos, permeado pelo odor de antisséptico, tornava-se sufocante. Minha cabeça latejava, e uma sensação de mal-estar crescente começou a me dominar. Ignorar os sinais não era uma opção, então, finalmente, cedi à fraqueza e busquei ajuda no mesmo lugar onde costumava oferecê-la: o hospital.
O médico, sério e ponderado, explicou a sobrecarga de estresse e a necessidade de descanso imediato. Entendi a gravidade da situação, mas minha mente insistia em focar em outra preocupação. Max, meu noivo, não atendia minhas ligações. Onde ele estaria? Por que não atendia justamente quando eu mais precisava dele?
Decidi ir diretamente para o apartamento de Max, ignorando o conselho de descanso, ansiando pelo abraço acolhedor do meu noivo. Ao chegar ao apartamento e girar a chave na fechadura, a cena diante de meus olhos era confusa. Roupas espalhadas pelo chão, e um silêncio pesado pairava no ar, apesar de meu coração martelar em meus ouvidos.
Não precisei ir até o quarto para entender o que estava acontecendo. No sofá, Max parecia descansar abraçado a uma loira de cabelos longos que caíam desordenadamente sobre seu peito nu. O choque congelou até mesmo a minha alma.
O casal, sem roupas e completamente adormecido, era uma imagem que eu nunca imaginei presenciar. Um grito de horror escapou de meus lábios, rompendo o silêncio. O som do grito ecoou no apartamento e o belo casal pareceu despertar. Eu não olhei nenuma vez para a mulher. Os meus olhos estavam fixos em Max. Os olhos atordoados de Max encontraram os meus, e por um instante, ele pareceu incapaz de processar a realidade do que estava acontecendo naquele exato instante.
Max, com uma destreza que me revoltava, agarrou uma bermuda da poltrona próxima e a vestiu com uma rapidez desconcertante. Uma máscara cínica cobriu seu rosto, como se ele estivesse prestes a me receber após um dia comum.
— Você chegou mais cedo, amor? — Sua pergunta soou como um insulto.
Meus olhos se estreitaram em incredulidade diante da audácia do traidor. A indignação que fervia dentro de mim finalmente explodiu, e avancei em direção a Max, determinada a fazer com que ele sentisse, mesmo que por um momento, a dor que ele me causou. Minhas mãos se ergueram, prontas para atingir seu rosto, enquanto palavras furiosas escapavam dos meus lábios.
— Seu canalha! Como ousa? — Eu o xingava com uma torrente de impróprios, minha voz embargada pela mistura de fúria e dor.
No entanto, antes que minhas mãos pudessem encontrar o destino merecido, fui contida por ele, suas mãos firmes segurando as minhas, impedindo qualquer gesto de desespero, enquanto eu me debatia contra ele.
Enquanto eu me debatia contra Max, a mulher que estava com ele pareceu reagir, levantando-se. Eu estava tão atordoada que não tinha voltado nem mesmo um único olhar em direção à amante de Max. Quando percebi que a mulher com Max era Lilian, uma antiga amiga minha, senti meu mundo desabar ainda mais. Lilian é alguém com quem eu não mantinha contato, exatamente porque Max havia conseguido convencer-me de que Lilian não era uma boa amiga. E agora, ali estava Lilian, com Max. Ele tinha razão, afinal. Mas claro que ele sabia que ela não era uma boa amiga! Ele estava tendo um caso com ela.
— Lilian!? — O novo choque me fez parar de lutar.
Lilian, agora de pé, encarava-me com uma mistura de culpa e surpresa, mas sua expressão logo se transformou em uma máscara de indiferença, como se a amizade perdida não a afetasse mais. Max, por sua vez, soltou as minhas mãos, dando um passo para trás.
— Karen, eu posso explicar... — tentou começar Max, mas foi interrompido pelo olhar cortante e carregado de dor que lancei em sua direção.
Em meio à minha dor, dirigindo-me a Max:
— Ouça bem o que vou dizer, Max — Declarei de maneira firme e clara, o dedo em histe — Nunca mais, está me ouvindo? Nunca mais eu quero olhar na sua cara!
Sem esperar pela explicação que ele podia oferecer, dei as costas ao homem que havia traído minha confiança. Mas não seria tão fácil assim, pelo visto. Max correu atrás de mim, declarando com desespero:
— Karen, eu amo você. Ela não é importante como você é pra mim — Max tentava se justificar.
— Acabou, Max. Não tem perdão o que vocês fizeram!
— Karen, por favor, me ouça. — Max segurou meu braço, buscando uma conexão que parecia impossível naquele momento — Você estava sempre ocupada, trabalhando muito. Nunca tinha tempo para nós. Eu estava me sentindo só. Isso com Lilian foi um erro, apenas uma distração, entende? Não tem nada a ver com o que temos.
Eu queria falar, explicar o quanto aquilo doía, mas a dor sufocava minhas palavras. Contudo, antes que eu pudesse responder, Lilian, enfurecida, interrompeu a tentativa de Max de se explicar.
— Só uma distração, é isso? — ela vociferou, os olhos faiscando de indignação. — Eu não sou apenas um objeto, Max! Como você ousa me diminuir a isso?
A discussão entre os dois rapidamente ganhou volume,enquanto o meu coração doía. Eu queria gritar, mas as palavras teimavam em não sair. As acusações dolorosas de Max penetravam meu peito, e eu sabia que, em parte, ele tinha razão. Eu trabalhava demais, estava sempre ocupada, e talvez não tenha reservado tempo suficiente para nos divertirmos juntos. No entanto, eu só estava tentando construir uma base financeira sólida para o nosso futuro, para o nosso casamento.
As lágrimas que eu segurava ameaçavam transbordar. No entanto, Lilian estava furiosa por ser rotulada como apenas um objeto de desejo, e a discussão entre os dois aumentava, não deixando espaço para eu expressar aquilo que desejava.
Sem ter mais o que fazer naquele apartamento, decidi ir embora de uma vez. Meus passos vacilantes me levaram para fora do apartamento e as lágrimas começaram a escorrer por meu rosto enquanto eu me afastava. Eu me perguntava como poderia superar a dor de tamanha traição. Max estava ocupado demais discutindo com Lilian para prestar atenção á minha saída e aquilo também foi doloroso. O que restava da nossa história de amor de três anos de relacionamento, estava ruindo diante dos meus olhos, e eu me via impotente diante do fato.
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ColinSeis meses se passaram desde aquele dia em Ponta Grossa, quando eu e Patrick finalmente chegamos a uma trégua. A vida mudou de uma forma que eu jamais poderia ter previsto, mas, pela primeira vez em muito tempo, as mudanças foram boas. À medida que deixávamos o passado para trás, eu sentia que um novo começo estava se desenrolando diante de mim.Patrick continuava a morar com meus pais no campo, e embora nossa relação nunca tenha se tornado amigável, ela finalmente alcançou algo que sempre pareceu fora do nosso alcance: a paz. Não há mais trocas de farpas, não há mais ressentimentos explícitos. É estranho pensar que, depois de tudo, o que restou entre nós foi o silêncio. Um silêncio que, no entanto, não me incomoda mais. Ele está seguindo a vida dele, da forma como pode, e eu estou seguindo a minha. Isso é suficiente.Mas o que realmente mudou minha vida foi o nascimento de Nicole. Eu jamais poderia ter imaginado o impacto que ter uma filha traria para mim. O momento em que segu
ColinO sorriso de Letícia foi se abrindo lentamente, enquanto lágrimas se formavam em seus olhos. A sua resposta não teve hesitação. — Sim, Colin. — Ela riu, ainda emocionada, enquanto me envolvia em um abraço apertado. — Sim, é claro que quero.Nós ficamos ali, abraçados por um momento que parecia eterno. Eu sentia a felicidade transbordar de mim, enquanto a segurava nos meus braços, sentindo a segurança de que tudo, finalmente, estava no lugar.Ela se afastou um pouco, ainda sorrindo, enquanto olhava para o anel em sua mão. Seus olhos brilhavam, e eu conseguia ver o quanto aquele gesto a emocionava.— Eu não esperava por isso hoje, — ela disse, sua voz carregada de emoção. — Quer dizer, eu preparei o jantar, mas você... você me surpreendeu, Colin.Eu ri, puxando-a para perto de novo, incapaz de ficar longe dela naquele momento.— A verdade é que eu não sabia como te agradecer por tudo, Letícia, — comecei, tentando colocar em palavras o que vinha sentindo. — Você tem sido meu porto
ColinEnquanto me afundava em mais um dia de trabalho, tentando evitar pensar em tudo que estava acontecendo, a campainha tocou. Soltei um suspiro, já imaginando que fosse algo que eu teria que resolver, e fui até a porta. Para minha surpresa, eram Noah e Othon, ambos com sorrisos exuberantes e uma garrafa de uísque na mão.— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei, levantando uma sobrancelha.— Viemos salvar o seu aniversário, meu amigo! — Noah disse, levantando a garrafa como se fosse um presente de ouro. — Não vamos deixar você passar o dia sozinho, afundado no trabalho.— E trouxemos um jogo de cartas para completar o combo, — Othon acrescentou, piscando. — Não precisa agradecer, estamos sendo altruístas.Eu não consegui evitar uma risada, mas logo fiz questão de provocá-los:— São duas da tarde, e vocês já querem beber? Vocês sabem que eu tenho coisas para fazer, certo?— Claro que sabemos, — Noah respondeu com um sorriso preguiçoso. — Mas é seu aniversário, Colin. A gente sa
LetíciaApós o acidente, eu continuei no apartamento de Colin. Sabia o quanto toda essa situação o havia abalado profundamente. Ele precisava de apoio, e eu estava disposta a ser esse apoio para ele, mais do que nunca. Rita tinha insistido em voltar para a nossa casa, dizendo que eu deveria ficar com Colin, que ele precisava de mim agora que estávamos nos entendendo tão bem. Eu não queria aceitar, claro. Rita sempre foi minha fortaleza, e a ideia de ela voltar para casa sozinha me incomodava. Eu sentia que deveria estar ao lado dela também. Foi então que minha mãe mencionou que tinha sido convidada para fazer um cruzeiro com suas amigas. Era um desejo antigo dela, e quando a vi falando sobre isso com um brilho nos olhos, percebi o quanto ela merecia aquela oportunidade. Incentivei-a a ir, muito feliz por vê-la finalmente pensando em si mesma e aproveitando a vida de maneira mais descontraída.— Vai, mãe! — eu disse, animada. — Você merece. Aproveita e se diverte bastante. Vou ficar
ColinQuando entramos no setor de emergência, vi os médicos e enfermeiros correndo para estabilizar Patrick e Valquíria. Ambos estavam gravemente feridos. O barulho das máquinas, o som dos monitores cardíacos, tudo parecia ecoar na minha mente, me empurrando para um estado de alerta constante.Othon se aproximou de um dos médicos, tentando obter informações.— Qual o estado deles? — ele perguntou, a voz firme, mas os olhos denunciando sua preocupação.O médico balançou a cabeça, apertando os lábios.— Tanto Patrick quanto Valquíria sofreram concussão severa e várias fraturas. Vamos estabilizá-los antes de fazer qualquer avaliação mais profunda.A cada palavra do médico, eu sentia uma mistura de alívio e desespero. Patrick estava vivo, mas gravemente ferido. E Valquíria... bem, ela sempre foi uma força destrutiva, mas mesmo assim, vê-la naquele estado me fez questionar tudo.— Não há nada que possamos fazer, a não ser esperar — Othon apontou, enquanto passava as mãos nos cabelos, bagun
ColinA ideia de uma viagem foi algo revigorante e decidimos ir até o hospital e conversar pessoalmente com Othon sobre uma licença temporária para Letícia. Eu estava certo que ele iria entender, independentemente do fato de sermos grandes amigos. Letícia está grávida e não pode estar suscetível às loucuras do meu irmão.Porém, quando estávamos a caminho do hospital, uma dor aguda atravessou meu peito como uma lâmina quente. A dor foi tão repentina e intensa que minhas mãos quase perderam o controle do volante. Instintivamente, encostei o carro no meio-fio, sentindo o suor frio se formar na testa. Respirei fundo, tentando acalmar o pânico que começava a crescer dentro de mim.— Colin? — Letícia perguntou, sua voz carregada de preocupação. — O que aconteceu?Eu segurei o volante com força, os nós dos meus dedos ficando brancos. A dor no peito era excruciante, como se algo estivesse pressionando meu coração com força. Mas, da mesma forma que veio, ela começou a desaparecer. Lentamente,
Último capítulo