O café da manhã terminava num compasso lento, como se cada gole e cada mordida prolongassem um momento que nenhum dos dois queria encerrar. A luz do sol atravessava as amplas janelas da sala de refeições, refletindo no cristal das taças e deixando um brilho dourado sobre a mesa impecavelmente posta. Lívia largou o guardanapo ao lado do prato, sentindo o sabor doce da fruta ainda na boca, enquanto Arthur a observava de forma quase distraída — mas havia um peso naqueles olhos, algo que não era simples curiosidade.
Ele afastou levemente a cadeira, e o som suave das rodas no piso de mármore preencheu o breve silêncio.
— Quero te mostrar a casa — disse ele, com aquela voz grave que carregava mais intenção do que a frase simples podia conter. — Todos os cômodos. Inclusive… aqueles que ninguém mais viu.
A maneira como ele deixou a última frase no ar fez com que um arrepio subisse pela espinha dela.
Lívia assentiu, mais para não prolongar o olhar dele do que por real curiosidade. Levantou