POV Sara
Na manhã seguinte, o céu estava cinza. Um presságio que grudava na pele como poeira de pólvora antes de uma explosão. Eu estava sentada na varanda dos fundos, tomando um café amargo que alguém deixara ali sem perguntar se eu queria. Estavam me observando. Eu sentia isso.
E não estava errada.
Matteo apareceu como uma sombra se formando à minha direita. Estava de terno escuro, impecável, como se tivesse acabado de sair de um funeral — ou de causar um.
— Você anda rápido para uma recém-chegada — ele comentou, se apoiando na pilastra, os olhos ocultos por óculos escuros. — Já aprendeu o caminho até os ouvidos certos.
— Ou talvez os errados — respondi, encarando-o.
Ele tirou os óculos e me fitou com um olhar que parecia me dissecar. Matteo não era bonito da forma tradicional. Tinha feições marcadas demais, o olhar duro demais. Mas havia algo de hipnotizante nele. Algo que dizia "fique alerta".
— O que você quer saber, garota?
— Por que vocês falam de mim como se eu fosse um