Capítulo 75

O cheiro de antisséptico queimava minhas narinas quando abri os olhos. Luzes fluorescentes. O som monótono de um monitor cardíaco. E do meu lado, sentado numa cadeira desconfortável, Enzo.

Ele estava de cabeça baixa, as mãos entrelaçadas com força, os nós dos dedos brancos. Parecia ter envelhecido dez anos desde a última vez que o vi.

— Enzo.

Minha voz saiu rouca, quase irreconhecível.

Ele ergueu o rosto tão rápido que ouvi seu pescoço estalar. Seus olhos escuros, sempre tão controlados, estavam vermelhos, como se não tivesse dormido em dias.

— Você está viva.

Não era um alívio. Era uma acusação.

Tentei me sentar. Uma facada de dor no meu torso me fez cair de volta no travesseiro.

— Quanto tempo?

— Três dias. — Ele esfregou o rosto com as mãos. — Os médicos disseram que você teve sorte. O corte na coxa não atingiu a artéria.

Sorte.

A palavra soava como uma piada de mau gosto.

— Luca?

O rosto de Enzo se fechou.

— Lidando com a Bratva.

— Sozinho?

— Achando que eu ia deixar ele resolver
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