O cheiro de antisséptico queimava minhas narinas quando abri os olhos. Luzes fluorescentes. O som monótono de um monitor cardíaco. E do meu lado, sentado numa cadeira desconfortável, Enzo.
Ele estava de cabeça baixa, as mãos entrelaçadas com força, os nós dos dedos brancos. Parecia ter envelhecido dez anos desde a última vez que o vi.
— Enzo.
Minha voz saiu rouca, quase irreconhecível.
Ele ergueu o rosto tão rápido que ouvi seu pescoço estalar. Seus olhos escuros, sempre tão controlados, estavam vermelhos, como se não tivesse dormido em dias.
— Você está viva.
Não era um alívio. Era uma acusação.
Tentei me sentar. Uma facada de dor no meu torso me fez cair de volta no travesseiro.
— Quanto tempo?
— Três dias. — Ele esfregou o rosto com as mãos. — Os médicos disseram que você teve sorte. O corte na coxa não atingiu a artéria.
Sorte.
A palavra soava como uma piada de mau gosto.
— Luca?
O rosto de Enzo se fechou.
— Lidando com a Bratva.
— Sozinho?
— Achando que eu ia deixar ele resolver