O garçom afastou minha cadeira com elegância. Luca permaneceu imóvel, esperando que eu me sentasse antes de se mover. Seu olhar – contido, mas voraz – fez arrepios percorrerem minha pele sob o tecido do vestido.
— Você está deslumbrante — murmurou, a voz áspera como seda desgastada pelo tempo.
— Obrigada. — Curvei levemente os lábios. — Você também não faz feio.
Seu riso breve ecoou enquanto ele bebia um gole do Barolo encorpado. A taça já estava meio vazia.
— Duvidei que viria.
— Eu também — confessei, apoiando os cotovelos na mesa. Minha vista se perdeu nas luzes de Roma cintilando atrás dele como diamantes sobre veludo negro.
— Então por que veio?
— Precisava ouvir sua voz. Longe da mansão. Fora do caos.
Ele assentiu, como se minha resposta confirmasse algo que já sabia.
— Pedi uma noite sem sangue. Só... nossa.
A palavra pairou no ar como uma ameaça doce. "Nossa". Três letras que podiam desmontar mundos.
O jantar chegou em sequência impecável – pequenas obras-primas gastronômicas