Capítulo 70

O garçom afastou minha cadeira com elegância. Luca permaneceu imóvel, esperando que eu me sentasse antes de se mover. Seu olhar – contido, mas voraz – fez arrepios percorrerem minha pele sob o tecido do vestido.

— Você está deslumbrante — murmurou, a voz áspera como seda desgastada pelo tempo.

— Obrigada. — Curvei levemente os lábios. — Você também não faz feio.

Seu riso breve ecoou enquanto ele bebia um gole do Barolo encorpado. A taça já estava meio vazia.

— Duvidei que viria.

— Eu também — confessei, apoiando os cotovelos na mesa. Minha vista se perdeu nas luzes de Roma cintilando atrás dele como diamantes sobre veludo negro.

— Então por que veio?

— Precisava ouvir sua voz. Longe da mansão. Fora do caos.

Ele assentiu, como se minha resposta confirmasse algo que já sabia.

— Pedi uma noite sem sangue. Só... nossa.

A palavra pairou no ar como uma ameaça doce. "Nossa". Três letras que podiam desmontar mundos.

O jantar chegou em sequência impecável – pequenas obras-primas gastronômicas
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