Acordei com um gosto metálico na boca e a sensação de estar flutuando entre dois mundos.
O teto era alto, decorado com molduras em arabescos dourados. A cama onde eu estava deitada era grande demais, macia demais, luxuosa demais para qualquer realidade que eu conhecesse. As cobertas tinham um cheiro amadeirado, como se alguém tivesse acendido um charuto ali há poucas horas. E os lençóis… estavam limpos. Novos.
Me sentei devagar, sentindo o corpo ainda dolorido da noite anterior. A lembrança veio como um soco seco: Luca sangrando no chão da minha sala, o homem invadindo meu apartamento, os tiros, o sangue, o medo, o calor do corpo dele entre meus braços. E depois… a fuga.
Levantei da cama devagar. Meus pés tocaram o carpete felpudo, e a primeira coisa que fiz foi correr até a janela. Estava fechada, trancada por dentro, mas dava vista para um jardim extenso cercado por muros altos. Seguranças patrulhavam com fuzis no ombro como se aquilo fosse normal. Como se estivéssemos no meio de um