Luca
O silêncio depois da tempestade era quase mais perturbador que a própria chuva. A mansão, agora mergulhada em penumbra e quietude, respirava junto comigo — ou talvez apenas espiasse, esperando meu próximo passo.
Subi as escadas devagar, ignorando a dor latejante nas costelas. Os curativos ainda estavam recentes, e o corpo gritava, mas minha mente estava longe dali. O peso de tudo que Marco dissera ainda me rondava, mas era outra coisa que me empurrava escada acima. Um impulso silencioso, primitivo.
Ela.
As portas do quarto de hóspedes estavam entreabertas. Me aproximei, os pés descalços deslizando pelo chão de madeira polida. Não queria acordá-la. Não ainda. Só queria... vê-la.
Sara dormia encolhida no meio da cama king-size, como se o tamanho do mundo ao redor dela ainda fosse grande demais para confiar. Os cabelos estavam soltos, espalhados como uma nuvem escura no travesseiro branco. O rosto sereno, mas os dedos entrelaçados num aperto ansioso, como se até nos sonhos ela lutas