Sai do banho com o som das batidas. Secas. Diretas. Irritadas.
Sentei na cama, enquanto olhava a parede, com a sensação de que alguma coisa estava errada – mais do que o habitual.
Bum. Outra batida. Mais forte.
— Já vai. — murmurei, a garganta seca.
Levantei e abri a porta.
Luca estava parado ali. Ombros rígidos, maxilar travado. O tipo de postura que ele só adotava quando estava prestes a explodir.
— Onde ela está? — ele perguntou sem rodeios.
Eu não desviei os olhos. Mas por dentro... eu já sabia. Ele também. Só precisava da confirmação.
— Foi embora — respondi.
— Sozinha?
Assenti devagar, sentindo a garganta fechar.
— Deixou um bilhete. Saiu sem falar com ninguém.
Ele se aproximou, ameaçando invadir meu espaço. Quase encostou em mim. A voz veio baixa, perigosa:
— E você deixou?
Engoli seco.
— Eu estava dormindo. Quando acordei... ela já tinha ido.
Os olhos dele me perfuravam, procurando uma mentira. Mas não tinha. A dor estava ali. À mostra. A dele e a minha.
Luca passou a mão pelo