Acordei com a boca seca e uma leve tontura. Me virei na cama de hóspedes como quem procura algum senso de tempo — e falha miseravelmente. Olhei pro teto. Tudo estava calmo. Silencioso. O tipo de paz que só acontece em apartamentos pequenos depois de uma noite cheia de cerveja, confissões e... confusão emocional.
Sorri.
Estava viva. E velha o suficiente pra saber que a ressaca não era nada comparada ao que vinha depois de certas mensagens bêbadas.
Levantei devagar, peguei meus chinelos e fui direto pra cozinha. Sara não estava por lá, mas o cheiro de café ainda pairava no ar. Boa menina, aprendeu comigo. Cura de ressaca em três passos: café, silêncio e, se possível, um pouco de culpa poética.
Passei pela sala e vi o celular dela largado no sofá. Piscando.
A curiosidade, claro, gritou. Mas não toquei. Não precisava. Eu era mãe. Mãe de verdade. Daquelas que conhecem o rosto da filha de um jeito que até a alma parece familiar.
Ela tinha se apaixonado por dois homens.
E iss