A semana passou como um borrão de turnos intermináveis, plantões caóticos e mensagens trocadas com Enzo que me mantinham respirando quando tudo o resto parecia me sufocar.
Ele não me cobrava. Não me apressava.
Só respondia com aquela calma precisa dele, às vezes com frases curtas, outras com devaneios que me faziam corar. Era como se, mesmo à distância, ele me tocasse com palavras. Como se soubesse exatamente até onde podia ir… e até onde eu queria ser levada.
Eu respondia quando podia. Durante pausas apressadas no hospital, ou de madrugada, jogada no sofá com os pés doendo. Ele parecia entender meu silêncio quando eu sumia por horas. Mas quando eu voltava, ele estava sempre lá. Constante. Firme. Real.
E isso me fazia esquecer que o mundo lá fora ainda era cruel. Ainda era perigoso. E que eu, querendo ou não, estava de novo no meio da guerra entre monstros.
Na sexta-feira, depois de um turno de quatorze horas que me deixou de corpo mole e olhos queimando, deixei o hospital com a