A tarde se arrastava preguiçosa pela janela, e eu continuei ali, sentada na beirada da cama, segurando o celular como se fosse um objeto sagrado e perigoso ao mesmo tempo.
O mundo parecia em pausa, exceto pela batida do meu coração — um tambor descompassado que não sabia mais se ansiava por coragem ou fuga. Mas não dava mais pra fugir. Eu já tinha me lançado do penhasco, e agora só me restava voar… ou despencar de vez.
As palavras dele ainda estavam ali, piscando na tela como um convite quente:
Volta. Só uma noite. Só nós dois. Sem escolhas. Sem promessas.
Só o que a gente não conseguiu esquecer.
E eu não tinha esquecido.
Nem por um segundo.
Respirei fundo, e dessa vez, em vez de apagar tudo como fiz tantas outras vezes, comecei a digitar.
Meus dedos hesitavam. Mas era como se, em algum canto do meu peito, a parte mais honesta de mim tivesse finalmente tomado as rédeas.
[Sara]:
Enzo...
Eu não esqueci.
Nada.
Nem o jeito como você olha pra mim como se pudesse me