Capítulo 55
A tarde se arrastava preguiçosa pela janela, e eu continuei ali, sentada na beirada da cama, segurando o celular como se fosse um objeto sagrado e perigoso ao mesmo tempo.

O mundo parecia em pausa, exceto pela batida do meu coração — um tambor descompassado que não sabia mais se ansiava por coragem ou fuga. Mas não dava mais pra fugir. Eu já tinha me lançado do penhasco, e agora só me restava voar… ou despencar de vez.

As palavras dele ainda estavam ali, piscando na tela como um convite quente:

Volta. Só uma noite. Só nós dois. Sem escolhas. Sem promessas.

Só o que a gente não conseguiu esquecer.

E eu não tinha esquecido.

Nem por um segundo.

Respirei fundo, e dessa vez, em vez de apagar tudo como fiz tantas outras vezes, comecei a digitar.

Meus dedos hesitavam. Mas era como se, em algum canto do meu peito, a parte mais honesta de mim tivesse finalmente tomado as rédeas.

[Sara]:

Enzo...

Eu não esqueci.

Nada.

Nem o jeito como você olha pra mim como se pudesse me
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