O sangue escorria devagar pelo concreto.
Gotas pesadas, ritmadas, formando pequenos rios carmesim que contornavam as rachaduras do chão da garagem abandonada. O som do mundo parecia abafado ali dentro — abafado pelo estalo da pele rompida, pelo zumbido da lâmpada fluorescente no teto e pelos gemidos arrastados do homem amarrado na cadeira de ferro.
Eu estava em silêncio.
As mãos sujas, a camisa com as mangas arregaçadas, e os nós dos dedos latejando.
O traidor à minha frente, semi-consciente, arfava em agonia. Marco já tinha ido embora. Eu preferia terminar essas partes sozinho.
Porque eu fazia isso melhor no silêncio.
Melhor quando ninguém assistia.
Olhei o rosto deformado do homem. Um ex-funcionário da segurança interna de Luca. Vendido por três malditos bitcoins e um passaporte para a Alemanha. Achava que nunca descobriríamos. Que a lealdade podia ser negociável.
Estava errado.
Sempre estiveram.
Peguei a faca fina de lâmina curta no chão. Estava ali apenas para marcar. Nada fatal,