Naquela noite o sono da Elena foi profundissimo, mais que qualquer um! O calor da fogueira, hum, o perfume da terra dentro da caverna, mais o silêncio da floresta... criaram um lugar onde o tempo quase que parava. Quando ela fechou os olhos, tchum, caiu em algo… não era sonho, nem era de verdade.
Estava numa floresta parecida com Valedouro, só que, era tipo, muito mais selvagem e mais vibrante! As árvores... uau... gigantescas, com folhas prateadas tremulando sob a lua cheia que até parecia viva, incrivel! No centro, um grupo de mulheres, todas com olhos claros, cabelos compridos, com mantos tipo névoa, sabe? Cada uma cantava algo num idioma que a Elena não entendia, mas parecia que ja nasceu sabendo, né.
Bem no meio, uma mulher diferente, maior, poderosa, e tinha um sinal brilhante na testa — igualzinho ao símbolo espiral que a Elena viu. Quando ela olhou nos olhos daquela mulher, ah, foi um choque de reconhecimento! Parecia que estava vendo uma versão dela mesma, sabe, separada por muito tempo... seculos.
— Filha da Luz — sussurrou a mulher, sem sequer mexer os lábios, como se a voz vibrasse direto na mente de Elena. — O ciclo ta de volta, e o véu entre os mundos enfraquece... O sangue antigo corre em suas veias, e a Lua a chama pra cumprir o pacto esquecido.
— Que pacto? — Elena queria berrar, mas a voz sumiu. — O que cê quer de mim?
A resposta explodiu em visões: lutas sob luas escarlates, homens virando feras, aldeias em chamas e um altar manchado de sangue e luz... Depoiis, o rosto de Lucas — mais novo, mais selvagem, envolvido em sombras. E de repente, o símbolo espiralado em chamas no seu peito.
Ela despertou num pulo, o corpo encharcado de suor, as mãos trêmulas. O fogo ainda crepitava, e Lucas a observava fixamente. Sentado ali, na mesma pose, como se nem piscasse.
— Você viu — ele falou, sem sombra de dúvida.
Elena confirmou, ofegante. As imagens ainda acendiam em sua mente, vivas como se fossem dela.
— Uma mulher… uma sacerdotisa... Ela me chamou de Filha da Luz.
Disse que o véu entre os mundos tá se rasgando.
Lucas fechou os olhos, num instante.
— A Primeira Guardiã. A que trancou os portais entre os humanos e os amaldiçoados. Dizem que o espírito dela guia as herdeiras do dom. E se ela falou contigo… — Ele hesitou, a voz cheia de receio e admiração. — Então, a Lua te selecionou mesmo.
Elena levantou-se devagar, ainda bamba. Foi até a entrada da caverna e observou o céu. A lua estava lá — já nao minguante, mas crescendo outra vez. Pálida, mas com um contorno avermelhado que nunca tinha notado antes.
— O véu tá abrindo — murmurou ela. — E os ecos do passado tão chegando até mim.
Lucas chegou perto e ficou ao lado dela. A distância entre eles tinha diminuído, não só no espaço, mas na alma. Agora partilhavam algo a mais que um abrigo: um destino.
— Então temos que correr — falou ele. — Antes que os ecos virem gritos… e seja tarde demais.
E sob essa lua crescente, o futuro se revelou. Um caminho onde passado, presente, e futuro se encontrariam.
E onde Elena, a última Guardiã, precisaria relembrar coisas que ela, hum, nunca chegou a ver antes — para, tipo, salvar tudinho que ela sabe.