Início / Lobisomem / Sob a Luz da Lua Sangrenta / Capítulo 5 - O Círculo de Pedra
Capítulo 5 - O Círculo de Pedra

A floresta... parecia outra coisa, naquela manhã. Mais densa, sabe? Mais viva. O trilho qe Lucas percorria não existia em nenhum mapa, nem nas velhas histórias, mas Elena tinha a certeza da sua existência. Cada passo afundava nas folhas do tempo, era como se o tempo se juntasse ali, em camadas, num silêncio tremendo.

— Estamos indo pro Círculo mesmo? — perguntou Elena, cortando o silêncio pesado.

— Sim — Lucas falou, sem sequer olhar pra trás. — É o único sitio onde as tais linhas antigas ainda vivem.

— Imaginei ser só uma lenda... um sítio aonde o mundo humano e dos espíritos se tocam, né?

— É exatamente isso — ele respondeu, virando-se enfim. — É por isso precisamos ir antes deles.

Elena não quis perguntar quem eram eles. Ela já sabia. A Alcateia Sombria deixou suas marcas nas orlas da vila, e o vento já murmurava seus nomes. Lendo coisas às escondidas, encontrou pedaços arrancados, páginas marcadas com símbolos que quase queimavam a pele. E ali, naquela floresta, tudo fazia um sentido sinistro.

Quase uma hora depois, e completamente em silêncio, chegaram.

O Círculo de Pedra ficava no meio dum clarão envolto em névoa azulada. Nove pedras colossais, a se exibir num formato de crescente lunar, abraçavam um altar coberto de musgo e runas meio apagadas. O ar lá era distinto — mais concentrado, mais antigo. Elena sentiu um calafrio subindo pela espinha.

— Aqui é o pontapé inicial — falou Lucas, num tom suave, quase em oração. — Onde os primordiais da nossa linhagem selaram o trato com a Lua.

Ele se achegou de uma das pedras e pós a mão sobre uma runa. A marca resplandeceu por um átimo. Elena deu um passo para trás, perplexa.

— Você é uma das descendentes... dos Primordiais.

Lucas confirmou devagarzinho.

— E você é a Guardiã. A que tem em si a recordação da Luz. A única apta a refazer o equilíbrio — ele dizia, olhando-a com atenção. — Ou a arruinar.

Elena sentiu o mundo rodopiar. Aquilo era totalmente absurdo. Ela era só uma menina da aldeia, filha dum curandeiro. Como teria ela a chance de integrar algo tão.. imponente?

Mas, antes que pudesse retrucar, um som partiu a calmaria da clareira: galhos estourando. Passos. Vários.

Lucas sacou uma adaga de prata escondida no manto.

Seus olhos, subitamente, começaram a brilhar num dourado forte e vibrante.

— Chegaram... eles!

Da outra face da névoa, vultos densos, começaram a se desenhar. Enormes, eles eram. Andando sobre duas pernas, contudo, com trejeitos de animais. Olhos escarlate, presas à mostra. A Alcateia Sombria, eis-lós.

Elena sentiu o medo, apertando seu peito, maas também algo a mais: uma força diferente, que a habitava desde que pôs os pés no círculo. Era como se algo dentro dela acordasse, como se as pedras a chamassem, saca?

Ela se aproximou do altar, colocando as mãos sobre ele. Uma luz azulada, foi saindo de seus dedos, se espalhando pelas pedras como água em raízes ancestrais. Os lobisomens pararam, meio paralisados, por um instante.

Lucas a olhava, espantado. E, tambem, cheio de respeito.

— És tu... — murmurou. — A última Chama da Lua!

Elena num sabia o que tudo isso significava. Mas ela tinha a certeza de algo:

A guerra não era mais um conto, não.

A profecia tinha começado.

E ela, bem, estava no coração daquele furacão todo.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App