A madrugada era densa e imóvel, como se o tempo tivesse parado só para eles dentro daquele quarto.
A luz suave da luminária embutida no painel acima da cama envolvia o quarto em um tom âmbar, quente, quase irreal. O lençol de linho egípcio escorregava pelas costas nuas, um pouco suadas, de Ana, revelando a curva suave da cintura e a serenidade do seu rosto adormecido. Ela dormia profundamente, com o corpo entregue ao descanso depois de horas em que os dois haviam se tornado apenas um, se entregando aos beijos, as carícias acaloradas e a luxúria que ainda emanava em ondas. Kenji estava acordado. Sentado na beira da cama, ele a observava como se estivesse diante de uma obra-prima feita só para ele. O cigarro ainda soltava uma névoa amarga no ar, mas ele já não tragava. Sua atenção estava toda nela. Nos cílios longos que tremiam suavemente com os sonhos. No leve subir e descer do peito. No sussurro quase inaudível da respir