O restaurante era silencioso demais para o coração acelerado de Ana. A mesa reservada por Kenji ficava próxima às janelas amplas, com vista para o lago artificial e o jardim de pedras, típico dos espaços que ele gostava de frequentar. Mas por mais que o ambiente fosse bonito, acolhedor até, Ana sentia como se estivesse sentada sobre cacos de vidro.
O garçom havia acabado de deixar sua sobremesa, um doce delicado de chá verde e feijão azuki. Ela mal conseguia tocá-lo. O garfo repousava ao lado do prato como uma ameaça — mais uma conversa, mais um nome, mais uma mulher no passado ou no presente de Kenji que ela não conhecia.
Mira.
A suposta amiga.
Ana odiava essa palavra agora.
Pedro também dizia que Mariana era só uma amiga. Dizia com aquele tom suave e insuspeito que escondia mentiras. Era assim que tudo começava: “uma amiga”, “ela tá grávida, eu só tô ajudando”, “você tá exagerando, Ana”.
E agora, ali estava Ana, prestes a conhecer mais uma amiga do seu novo mundo.
Ela respirou fundo