O sol da primavera filtrava-se por entre os galhos das cerejeiras, tingindo o jardim com tons suaves de rosa e dourado. Pétalas caíam como neve silenciosa, pousando nos ombros, nas pedras, no gramado verde ao redor do lago.
Ana estava sentada sobre uma esteira de piquenique, com um vestido leve e os pés descalços. A brisa tocava os cachos soltos que emolduravam seu rosto sereno, enquanto ela embalava nos braços um bebê de olhos fechados e expressão tranquila.Era sua filha. Sua pequena Sakura.Ana a observava como quem contempla um milagre. O rostinho delicado, os lábios ligeiramente entreabertos, a mãozinha fechada agarrando o tecido do vestido como se buscasse ali a confirmação de que o mundo era, sim, um lugar seguro.— Ela é igualzinha a você quando dorme — disse Kenji, vindo por trás dela com um sorriso no rosto e o outro bebê aninhado contra o peito.Nos braços dele, o menino resmungava baixinho, os olhos bem abertos, atentos a tudo