O céu de Tóquio estava limpo naquela manhã de outubro. Os primeiros raios de sol atravessavam as janelas de vidro da cobertura no distrito de Minato, iluminando a cidade que nunca dormia. No alto daquele edifício silencioso, Ana acordava devagar, sem pressa, envolta no lençol branco, com os cabelos cacheados espalhados no travesseiro. O cheiro do café recém-passado vinha da cozinha aberta, misturado ao perfume amadeirado de Kenji, que já estava de pé desde cedo.
Ele estava na varanda, em pé, com uma xícara de café na mão e o celular no ouvido. Usava uma camisa de linho clara, parcialmente aberta no peito, e a calça social escura ainda por passar. O vento leve bagunçava seus cabelos pretos enquanto ele falava em japonês, com a voz firme, porém calma. Era como observar um general preparando um campo de batalha — mas ali, o que estava em jogo era o momento mais importante da vida dele: o casamento com Ana.
Ela se espreguiçou, apoiando os cotovelos no colchão e observando-o através da