A mansão estava silenciosa demais.
 O som dos saltos de Ana ecoava pelo piso de madeira enquanto ela descia as escadas com o cabelo cacheado ainda meio solto, os dedos deslizando de leve pelo corrimão. Estava pensativa, inquieta. Sentia o e-mail queimando no fundo da mente como uma sirene abafada. Queria tempo. Um pouco de ar. Precisava ficar sozinha.
 Parou na base da escada e chamou com suavidade:
 — Sora?
 A governanta apareceu na entrada da sala quase no mesmo instante. Uma mulher elegante, de postura firme, cabelos presos num coque e um sorriso sempre presente. Atrás dela, dois outros funcionários esperavam discretamente a autorização para irem embora.
 — Sim, senhora? — Sora respondeu, inclinando levemente a cabeça.
 Ana forçou um sorriso gentil, os olhos ligeiramente cansados.
 — Podem todos ir mais cedo hoje. Eu só preciso de um tempo sozinha, está bem?