Seu Roberto era, sem dúvida, o mais ranzinza entre todos os moradores.
Tinha sempre a testa franzida, o olhar desconfiado e a resposta atravessada pronta na língua. Era o tipo de homem que se orgulhava de não precisar de ninguém — ainda que seus passos fossem lentos e os joelhos rangentes contassem outra história.
— Não preciso de ajuda pra andar, menina — resmungou ele na primeira vez que tentei oferecer o braço, quando o encontrei cambaleando perto da sala de TV.
— Não tô oferecendo ajuda. Tô só acompanhando, vai que eu tropeço, né? — respondi, sorrindo.
Ele bufou, mas não recusou. Andamos lado a lado até o refeitório, em sil