Part 2 - Aqui pode ser o nosso começo.
Part 2 -
A tarde entrava pelas janelas abertas, iluminando as paredes brancas que estávamos transformando em um céu azul-claro. Otávio, com a camisa velha manchada de tinta e um boné virado para trás, concentrava-se em um detalhe do rodapé, a língua entre os dentes como uma criança desenhando.
— Você tá fazendo errado — comentei, escondendo um sorriso ao ver sua expressão focada.
Ele ergueu os olhos, uma gota de tinta azul na bochecha.
— Errado? — levantou uma sobrancelha, o pincel pingando no chão. — Eu sou o profissional aqui, lembra?
— Profissional que pinta como uma criança de cinco anos — retruquei, mergulhando meu rolinho na bandeja e, de propósito, espirrando um pouco de tinta em sua direção.
A gota acertou em cheio seu peito. Ele olhou para a mancha, depois para mim, os olhos estreitando-se em um olhar de brincadeira perigosa.
— Ah, é assim?
Antes que eu pudesse reagir, ele mergulhou os dedos na lata de tinta e avançou em minha direção. Dei um grito e tentei escapar, mas ele