Part 2 - A inauguração.
O cheiro de tinta fresca ainda flutua no ar quando abro as portas do novo ateliê. O letreiro simples, pendurado sobre a entrada, balança levemente com o vento: Oficina Aurora.
Chegou o dia.
A inauguração.
E meu coração parece bater em ritmo dobrado.
Montei cada canto daquele espaço com as próprias mãos — com a ajuda de Otávio, claro, que chegou a pregar prateleiras, lixar bancadas e até reclamar dos pincéis fora de ordem como se já fosse parte do time. O chão ainda tem manchas de tinta das nossas risadas, e as paredes guardam promessas de recomeços.
Hoje, artistas locais trazem suas peças, há cavaletes espalhados com telas vibrantes, esculturas improvisadas, mesas cheias de croquis. Tudo tem cor. Tudo tem alma.
Otávio está ali, parado ao meu lado, com as mãos nos bolsos e o sorriso discreto de quem sabe o quanto isso significa. Ele não fala nada, mas seus olhos dizem: "Conseguiu."
Gabriela aparece com um arranjo de flores. Ana ajuda com os salgadinhos. Algumas crianças entram correndo