Otávio
A manhã chegou com um céu limpo e aquele tipo de sol preguiçoso que promete um dia bom. Acordei antes de Marina — o que é raro — e fiquei alguns minutos observando seu rosto sereno, os cabelos bagunçados no travesseiro. Ainda me pego surpreso por poder chamá-la de minha outra vez. Ainda me pego grato.
Levantei devagar, tentando não acordá-la, e fui até a cozinha com uma ideia fixa na cabeça.
Hoje seria o nosso dia.
Peguei a cesta de palha que ela adora, aquela que a gente usou na primeira feirinha de artes, e comecei a montar o piquenique surpresa. Preparei sanduíches com capricho, coloquei frutas, suco natural, e uma garrafinha de café porque ela nunca resiste. Também embalei uns biscoitinhos que Dona Blanca tinha feito pra gente no fim de semana passado. Tudo bem rústico, do jeitinho que ela gosta.
Parei por um segundo, observando a mesa. Coloquei dois guardanapos de pano, o livro de poemas que ela anda lendo, e acrescentei uma flor recém-colhida do nosso jardim, só para ver