O sol do meio-dia castigava as ruas estreitas de Cabaceiras. Paloma caminhava apressada, os papéis bem dobrados em mãos. O calor refletia no calçamento irregular, fazendo o ar tremular diante de seus olhos. Ela entrou nos Correios, agradecendo o frescor que vinha do ventilador barulhento no canto.
— Bom dia — cumprimentou o atendente, colocando o envelope sobre o balcão. — Preciso despachar esse documento para São Paulo.
O rapaz anotou, pesou o envelope e entregou-lhe o comprovante. Paloma guardou-o na bolsa, distraída. Só depois percebeu que ali dentro o celular tinha sinal; coisa rara, já que no casebre vivia praticamente isolada.
Aproveitou o instante e ligou para a tia Cida.
— Paloma, minha fia! — a voz animada veio pelo outro lado da linha. — Oxê, finalmente! Já achei que ocê tinha desaparecido.
— Aqui é difícil ter sinal… — explicou, sorrindo com certa melancolia. — Mas estou bem, tia.
Conversaram alguns minutos sobre trivialidades. No entanto, mesmo enquanto falava, Paloma sent