Paloma se sentia tão idiota.
Tinha passado os últimos dias embalada em devaneios, pensando em César o tempo todo, cheia de amor, como se vivesse uma febre que a arrebatava inteira. Extasiada com a descoberta de que, afinal, seu sentimento parecia ser correspondido, permitira-se sonhar.
Fechava os olhos e lembrava da própria voz, trêmula e ansiosa, convidando: “Quer entrar?” Oh, Deus, como pôde? Agora, sozinha, a vergonha lhe queimava a face. Ele certamente pensara que ela estava se oferecendo outra vez, de forma quase vulgar, como uma menina ingênua que não sabe medir suas palavras.
— Paloma, você não aprende… — murmurou para si mesma, apertando as mãos contra o peito. — É humilhação atrás de humilhação…
Ela suspirou, quase rindo de si mesma. Claro que tinha esperado. Esperado como uma tola apaixonada.
Foi nesse estado que Nicácio apareceu, com seu carro esporte brilhando sob a luz incerta da manhã. Estava elegante, como sempre, usando uma camisa social leve, aberta no colarinho, adeq