MAYA
A porta do prédio rangiu pesadamente atrás de mim, ecoando no saguão vazio e mal iluminado. Meu coração batia descompassado, as pernas tremulas mal me sustentando. Subi os cinco andares correndo, quase tropeçando nos degraus desgastados, como se pudesse deixar para trás a realidade absurda que acabara de viver. A fechadura do apartamento resistiu por um instante, minhas mãos trêmulas dificultando o movimento, até que finalmente cedeu.
Entrei e encostei-me pesadamente contra a porta, ainda ofegante. O silêncio do apartamento contrastava violentamente com o turbilhão dentro da minha cabeça. Um aurélio. Um aurélio me levara para casa. Não qualquer aurélio, mas aquele cuja presença paralisara o salão inteiro. E o mais perturbador: eu estivera a centímetros dele, dentro do seu carro, e não acontecera nada. Nenhuma hipnose, nenhum feitiço mental, nenhum daqueles poderes de subjugação sobre os humanos que as teorias da conspiração tanto alardeavam.
Apertei os olhos, tentando ordenar os