KAELEN
Minhas mãos repousavam no volante de couro do carro, os dedos tamborilando com uma inquietação que me era estranha. Nunca gostei particularmente de dirigir - sempre considerei uma tarefa mundana, melhor deixada para motoristas ou sistemas automatizados. Mas esta noite, algo me fizera querer estar ao comando, sentir o controle físico do veículo enquanto ele deslizava pelas ruas escuras. O mesmo impulso inexplicável que me levara a colocar uma humana desconhecida no banco do passageiro, que me fizera afastar meus seguranças com um gesto brusco quando tentaram seguir-nos.
Ela continuava a tremer, mesmo com o aquecimento do interior do carro regulado para uma temperatura confortável. Observava-a discretamente pelo reflexo no vidro, notando como seus ombros se contraíam a cada soluço abafado. As lágrimas teimavam em escorrer pelo seu rosto, e ela as enxugava com as costas da mão, num gesto que denunciava tanto cansaço quanto resignação.
Enquanto guiava em direção às saídas do bairr