Hoje era um daqueles dias que pareciam conter, em si, o peso de uma vida inteira. Um marco. Um passo pequeno aos olhos do mundo, mas imenso para mim. O primeiro tijolo colocado no caminho da minha liberdade financeira - e emocional. Uma conquista silenciosa, íntima, mas tão significativa quanto gritar vitória ao topo de uma montanha.

Dois seguranças me acompanhavam em silêncio pelas ruas de um bairro nobre de São Paulo, onde aconteceria a entrevista para a vaga de garçonete. O bairro não era longe da casa de Castiel, o que já era uma bênção. O horário da vaga - das 8h30 às 16h30 - encaixava-se bem na rotina que eu imaginava, mesmo que eu precisasse adaptar meus horários de terapia e estudo. E, de verdade? Não me importava. Eu não podia deixar essa oportunidade escapar. Precisava disso - por mim, pelos meus irmãos, pela mulher que tento me tornar.

Enquanto o carro cortava o tráfego barulhento e constante da cidade, minha mente revisitava, inquieta, a conversa com Castiel. Sua explosão