Meu humor estava tão cinzento quanto o céu de São Paulo em dia de tempestade.
Era como se eu apenas existisse - no automático. Já fazia uma semana desde que Paulina apareceu, jogando merda no ventilador e ferrando com tudo.
Desde então, impus distância entre mim e Esther. E essa escolha está me matando. Aos poucos, silenciosamente.
Cada dia longe dela rouba um pedaço de mim.
Mas não posso ceder.
Esther precisa entender que nem sempre os valores pessoais andam de mãos dadas com o que precisa ser feito.
Eu não me arrependo de ter mandado aqueles filhos da puta para o inferno.
Paulina e a mãe dela me enganaram durante anos, vivendo às minhas custas enquanto riam pelas costas e dividiam uma cama com outro homem.
A mãe dela me viu definhar, buscar uma justiça que nunca existiu - e não disse uma palavra.
Não. Eu não me arrependo.
Jogo os papéis que estavam sobre a mesa, ignorando-os.
Meus pensamentos estão nela. Sempre nela.
Esther não enxerga o que tento proteger. Não entende que eu a esco