A mentira tem fôlego longo... mas nunca caminha sozinha. Deixa rastros. E cedo ou tarde, alguém os encontra.
Paulina deveria ter permanecido morta. Era o melhor destino que o universo poderia lhe ter dado. Mas não... ela voltou. E voltou como um vendaval silencioso, disfarçada de vítima, esbanjando fragilidade, quando na verdade carregava veneno sob a pele. Enquanto eu vivia em luto, ela celebrava sua própria ressurreição com taças de vinho ao lado de um amante.
As câmeras dos aeroportos confirmaram o que meu coração não queria admitir. Não havia terror nos olhos dela. Não havia hematomas, nem marcas de cativeiro. Só passos firmes e um olhar calculista. Cada imagem que eu via destruía mais um pouco da memória que lutei tanto para preservar.
Dois meses ela viveu sob o mesmo teto que minha família. Tocou nos meus filhos. Sentou à mesa com Esther. Infiltrou-se sorrateiramente, como uma serpente bem treinada. E eu... eu a acolhi. Deus, como pude?
O dinheiro que enviei fielmente à sua mãe