O céu parecia cúmplice da tragédia. Cinzento, carregado, um peso que se debruçava sobre nós como se quisesse esmagar qualquer resquício de esperança. A garoa fina molhava os cabelos e escorria pelo rosto, confundindo-se com as lágrimas que eu já não tinha forças para conter. O cheiro das flores era adocicado demais, quase sufocante, misturado ao da terra úmida que seria, em instantes, o leito definitivo de Isa e Felipe.
Meus dedos tremiam quando apertei a mão de Eloá. Ela parecia tão pequena, tão perdida naquele vestido preto simples, com um laço desajeitado que eu havia feito às pressas. Os olhos dela, grandes e assustados, buscavam em mim respostas que eu não podia dar.
— Quando a mamãe acorda? — perguntou, com a inocência cruel que só uma criança poderia ter.
O mundo se partiu. Eu queria gritar, queria me ajoelhar e implorar ao destino que desfizesse aquela cena. Mas só consegui abraçá-la, escondendo meu rosto no cabelo macio e cheiroso de infância, tentando sufocar o soluço que am